Prático de Piloto Privado 03 – O Ground School

posted in: Rafael Torquato, Textos | 10

Olá amigos do Canal Piloto

Passagem de hoje:

No mundo existem 2 tipos de pessoas, as inteligentes e as espertas. A inteligente erra e aprende com os próprios erros. Já a esperta, vê a inteligente errando e aprende com o erro dela para então, não errar.

Com o CCF na mão faltava apenas escolher o aeroclube e começar as aulas práticas, dentre as opções haviam o Aeroclube de São Paulo, Atibaia, Jundiaí, Bragança Paulista, EJ, Campinas e Sorocaba.

[Foto: Felipe Brandão]

Aeroclube de São Paulo: É muito saturado, tráfego intenso da executiva, helicópteros entre outros, o que se faz perder preciosos minutos em solo.

EJ: Aeronaves ótimas, ótima infraestrutura, só que com o preço mais elevado.

Campinas e Sorocaba: Tive ótimas recomendações de amigos que voam por aqueles ares, em relação ao preço são mais acessíveis, só que a distância prejudicou.

Jundiaí: Na época que eu fui me matricular eles não estavam pegando mais alunos por estar lotado.

Restou Atibaia e Bragança, Atibaia é o mais próximo só que ao mesmo tempo, tem uma pista de terra (não que seja problema) e menor número de aeronaves.

Acabei optando por Bragança Paulista, distante 105km da minha residência.

Quando se é leigo, você apanha até aprender. Novamente no impulso fui para Bragança com os documentos que eu pensava que eram necessários, chegando lá, não pude fazer a inscrição porque faltavam documentos, perdi dinheiro e tempo para chegar a lugar nenhum.

Peguei toda a lista de documentos necessários e voltei no aeroclube na semana seguinte. Os documentos foram:

*CMA
*RG e CPF
*Certificado de Conclusão do Ensino Fundamental
*Titulo de Eleitor
*Certificado de Reservista
*2 fotos 3×4
*E comprovante de residência.

Matricula feita, tinha de se fazer então o pagamento de uma taxa de R$100,00 referente ao Ground School e ao Manual de Voo.

Peguei o manual, recebi a informação para ler ele até a página onde começam as manobras, e em uma semana voltasse ao aeroclube para fazer uma prova e o Ground School, e sendo aprovado poderia começar a voar.

Enquanto isso, fiquei reparando que Bragança é um aeroclube singular, com todas suas particularidades, olhei todas as aeronaves de instrução, prestei atenção na manutenção e se eles fazem as manutenções em dia.

Usam aparelhos de precisão para o ajuste nos mínimos detalhes
[Foto: Leandro Rodrigues Gonçalves]

O Aeroclube tem um ambiente com clima de família, saudável e alegre, mas quando a questão é voar tudo é levado com muito profissionalismo.

Fiquei a tarde observando e conversando com o pessoal. Deixei o Aeroclube com a sensação de ter feito a melhor escolha, voltei pra casa, li o manual prestando bastante atenção em tudo para poder realizar a prova com tranquilidade, aproveitei para dar uma lida rápida em manobras só para ir me familiarizando.

Na semana seguinte acordei cedo, me dirigi à rodoviária, comprei a passagem e fui lendo o livro na viagem até SBBP, chegando lá, era a hora de fazer a prova, fiquei imaginando se seria muito difícil e o que poderia cair. Fui para uma sala com o INVA, ele passou um vídeo, uma rápida explicação sobre o Paulistinha e me deu a prova, dentre as questões estavam:

*Quantos litros de óleo no motor?
*Quantos litros de gasolina no tanque?
*Qual a velocidade de Stall? Entre outras.

Como eu havia estudado, as questões foram muito simples, acertei 18 das 20 possíveis. Então nós nos dirigimos até um Paulistinha que estava no pátio e começamos a fazer o Ground com o instrutor me ensinando tudo, fizemos todos os checklists juntos, entrei no Paulistinha, vi como era a visão e já me imaginava pilotando.

(Me senti assim)

Terminei o Ground e comecei a andar pela estrada de terra (gigantesca por sinal), quando ouvia o barulho de algum carro, fechava bem o olho enquanto andava e ficava pensando “Dá carona, dá carona, dá carona!“. Alguns passavam direto e ainda levantavam muita poeira, eu chegava no final da estrada tossindo. Mas algumas vezes a mandinga funcionava e só ouvia o carro freando… Resultado: Sorriso de orelha a orelha; e se tivesse ar condicionado então… Pra quem não sabe, quando eu vou voar ou está chovendo muito, ou fazendo um solzinho, dá 35ºC na sombra durante o inverno. Só acontece comigo.

Peguei um ônibus voltando pra São Paulo, 1:30h de viagem, desembarquei na rodoviária do Tietê e fui pegar o metrô para ir pra casa, mas quando chego na estação Sé: Era época do “CarnaMetro”.

Para quem não é de São Paulo eu explico: É igual na foto acima, de segunda à segunda, das 06h às 10h e das 16h às 21h esse cena sempre se repete, é praticamente um carnaval fora de época. Quem pensa que vida de piloto é só Glamour, uma cabecinha dessas ai sou eu.

Finalmente depois de 12 metros eu consegui embarcar, “Sauna e Massagem por R$ 3,00”. É engraçado que se você entrar e fechar o olho, você sai pela outra porta… Eu Amo São Paulo.

Após um longo dia, cheguei em casa cansado, amassado, suado, mas feliz demais com mais um passo realizado. Muitas aventuras ainda estão por vir, histórias interessantes para acontecer e muito sufoco. Semana que vem falaremos da 1º Hora de Voo.

Rafael Torquato.

Alexandre Sales
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