Saudações Comandos.
Uma semana após o voo anterior, lá estava eu em Bragança Paulista para mais um voo. Empolgado e concentrado. Às 10h15, como não era feriado, cheguei 30 minutos antes do horário de partida do ônibus, comprei minha passagem tranquilamente e embarquei. Apresentei-me com uma hora de antecedência e fui fazer uma hora de nacele.
Após alguns minutos, a aeronave que eu iria voar pousou. Desembarcaram o aluno e o instrutor, pedi para ele deixar a documentação da aeronave, levando consigo apenas o diário de bordo para fazer a marcação da hora e liberação da aeronave para um novo voo. Fiz todo o checklist e deixei para verificar o óleo depois de realizar o briefing e notificar. Eu que não ia colocar a mão ali antes de dar uma esfriada!
Fomos à sala de briefing conversar sobre o voo:
* Decolar e fazer o cheque de 500’ AGL;
* Manter o circuito fazendo curvas de pequena inclinação e subindo até 1000’ AGL;
* No último terço da pista, abrir o ar quente e no través da cabeceira iniciar o voo planado (1000 RPM, 65 MPH). Compensar a aeronave, rodar base e final;
* Cruzando a cabeceira, devemos quebrar o planeio e arredondar a aeronave suavemente até estolar e tocar de três pontos.
O tráfego estava com nada menos que cinco aeronaves fazendo TGL. Hoje o dia seria intenso. Como fui o primeiro da fila a notificar, fui o primeiro a acionar e iniciar a taxi até a cabeceira 16. Ingressando na cabeceira 16, todas as aeronaves foram para a cabeceira 34, pois o vento trocou a cabeceira, meu instrutor pediu para decolar, porque perderíamos uns 20 minutos em solo caso abortasse a decolagem.
Completei motor, manche a frente, tapinhas nos pedais, rodei a 60mph e subi a 65mph. Decolar com vento de cauda é uma decisão ruim, passei na vertical da Rod. Fernão Dias à 450ft AGL. Aeronave não subia de jeito nenhum, então trouxe para 60mph para conseguir subir numa razão maior.
Como trocou a cabeceira, eu saí do circuito de tráfego para ingressar novamente e assim fazer o circuito para pouso na 34. Por causa da atmosfera turbulenta, deu trabalho para colocar o Paulistinha no chão. Quando eu consegui, estava um pouco fora da center-line e o pouso foi um pouco mais forte. Comi muita pista e acreditei que não tinha espaço para arremeter, livrei e taxiei até a cabeceira 34 novamente.
Parado no ponto de espera, um Cherokee pediu agilidade no pouso de um Paulistinha na final para não perder a aproximação, mas tinha um espaço que eu considerei suficiente e que não atrapalharia. Informamos na rádio que alinharíamos e decolaríamos de imediato porém, não podemos alinhar enquanto a outra aeronave não livra a pista ou arremete. Então paramos 45º com a pista para ter visão das atitudes da outra aeronave.
Após o Paulistinha à frente decolar, fizemos o mesmo. Alinhei, completei motor e novo circuito, logo atrás veio o Cherokee e outras aeronaves. Fiquei me imaginando na TMA-SP
No último terço da pista, abri o ar quente e alonguei a perna do vento, para dar tempo de a aeronave à frente efetuar o pouso e o procedimento seguinte sem me atrapalhar, rodei base e final. Um detalhe que é muito útil, é a filmagem dos voos que, após voltar para casa e esfriar os ânimos, eu consigo ver meus erros e corrigi-los nos próximos voos. Efetuei um bom pouso, mas reparei nas filmagens que estava quebrando o planeio alto, e com isso tendo que percorrer mais pista até o toque.
Quando se consegue efetuar uma TGL com sucesso, você toca, controla a aeronave no solo, completa o motor e simultaneamente já leva o manche à frente. Como a aeronave já esta com velocidade, se não levar o manche à frente com agilidade, pode sair de três pontos, o que é muito perigoso. Ingressei no través e na perna do vento para um novo circuito. Com a atmosfera turbulenta e vento variando, abri o ar quente, e era o segundo para pouso quando inverteu a cabeceira, o Paulistinha que estava na minha frente efetuou o pouso, eu já tive que fazer uma curva de grande para inverter o sentido do circuito.
Na minha frente agora tinham três aeronaves, todos inverteram a cabeceira e ficou aquela confusão. Fui esticando a perna do vento até conseguir boas comunicações na rádio e nos organizar novamente, o LRA já rodou base e veio para pouso, enquanto Eu (GXB), HPA à esquerda e GXN à direita, estávamos alongando a perna do vento praticamente juntos e, enquanto decidíamos, o DCW(eu acho) passou perpendicular a uns 400’ acima, foi intenso o momento. Para todo canto que olhava tinha aeronaves bem próximas. O GXN então fez um leve mergulho e fez uma curva à esquerda passando embaixo de mim e aproando a pista de Bragança. Eu e o HPA continuamos alongando, o HPA me cedeu passagem, então fiz um leve mergulho descendo 400’ passando embaixo do HPA e aproei a pista.
Vim de final longa. O interessante de fazer uma final longa é o tempo que se tem para pensar e fazer as devidas correções para pouso. Quebrei o planeio e fui arredondando, para não estolar alto, fiz duas correções, dando rajadas no motor para aeronave não afundar de uma vez. Completei motor e arremeti, novamente um novo circuito, mas agora para pouso completo.
Na perna do vento, eu avistava um Sêneca ao longe, quando eu passei pela entrada do circuito, o mesmo estava próximo,e ingressou no circuito atrás de mim. A atenção estava redobrada e adrenalina alta por ter uma aeronave mais rápida logo na sua nuca. Fiz todo o circuito a 80mph, trouxe para o voo planado, rodei base e final, e não tirava o olho do Sêneca. Quebrei o planeio, arredondei, toquei forte, fiz a correção e colei o manche. Não consegui livrar a tempo, quando cheguei na intersecção, só ouvi o som dos motores do Sêneca a pleno, chamei na rádio, pedi desculpas e a contraparte aceitou , mas em conta rápida, ele fez um novo circuito de aproximadamente 0.2h que, no Sêneca, fica num precinho de R$ 241,00. Deve ter ficado salgado.
Cortei os motores e fui ao debriefing, o instrutor me informou dos erros e acertos, decidimos que ainda não estou totalmente bom na manobra. Repetirei até ficar afinado, mas que falta pouco, isso é fato.
Fica o próximo relato para semana que vem.
Bons Voos