Saudações comandos.
Esta coluna estava prevista para ir ao ar na quinta-feira após o Natal, mas por causa das comemorações, foi postergada para hoje.
Para comemorar a data festiva, o Aeroclube de Bragança Paulista faz todo ano o Aeronatal. Este ano foi o décimo.
Convidamos a cidade inteira de Bragança Paulista (SP) e as imediações como as cidades de Piracaia (SP), Socorro (SP) e Joanópolis (SP) para ir ao aeródromo conhecer seu funcionamento. Para muitos, esse seria o primeiro contato com uma aeronave, além de comidas, bebidas e atrações gratuitas para todos.
Com isso, a realização do evento demandou uma grande mão de obra que veio voluntariamente por conta dos alunos, instrutores e amigos. Quando digo que Bragança é uma grande família é porque tenho orgulho do que eles são capazes de fazer.
(Foto Maestro)
O momento muito especial juntou toda a cidade, sendo que, de brinde, veio grandes amigos e instrutores da velha guarda que hoje rasgam os céus no comando de Airbus, Boeing, Embraer e outros.
Como tinha que pegar no batente cedo e ajudar na medida do possível, resolvi ir para o aeroclube no dia anterior. Dormi em Bragança e acordei as 06h.
Levantei e dei aquela espreguiçada. Não tinha levado roupa de frio e a noite foi terrível, sendo que, de manhã, enquanto era o único acordado no aeroclube, observava o amanhecer, andava pelas imediações e quando o vento tocava a pele do rosto ou braços, sentia o frio cortando a alma.
Meu voo estava agendado para as 08h da manhã, então me apresentei e fui tomar café da manhã. Terminado o café, fui inspecionar a aeronave. Retiraram todas as aeronaves de dois hangares para ter espaço ao publico e deixaram as aeronaves em outro local, devidamente cercado para crianças que na inocência e euforia não tentem chegar próximo de uma aeronave acionada.
Terminado a inspeção, fui ao briefing e sentei junto com a instrutora, conversamos como seria o voo.
Procedimento padrão de decolagem e circuito de tráfego com se fosse fazer um toque e arremete. Única diferença que iria manter 1000’ de altura para conseguirmos fazer o 360º, tentando sempre tocar no primeiro terço da pista, sem precisar glissar ou dar motor.
O procedimento é o seguinte: Vamos decolar, cheque de 500 pés e curvar través. Subimos então até 1000 pés, já ingressando na perna do vento. Pegamos uma referência no primeiro terço da pista e outra na cabeceira. Rodamos base e final. Na final vamos vir a 1000 pés. Nesse momento, pegamos uma referência no prolongamento do eixo da pista para mantermos alinhados.
Na vertical da cabeceira, abrimos o ar quente, e na vertical do primeiro terço iniciamos o planado, a curva e o afastamento, interceptando e fazendo a mini perna do vento. Rodando base e final, quebra o planeio, arredonda e toca três pontos.
(É um caminhão de informação, mas o procedimento acredite, é bem simples).
Estando inspecionado, brifado e notificado, vamos ao voo. O aeroclube já mostrava sinais de vida, já haviam algumas crianças encostadas no alambrado próximo a taxiway só observando aquela maquina magnifica que é o Paulistinha. O brilho do olho daquelas crianças era tão intenso que parei a aeronave, abri a janela e dei um tchauzinho. Instantaneamente o grupo me retribuiu, uma criança chegou a gritar: “olha mãe, o piloto está acenando para gente”. Ali ganhei meu dia.
Continuei o taxi até o ponto de espera da 16, alinhei e decolei. De manhã, a atmosfera está lisa, confortável. Fiz todo o circuito padrão. Na vertical da cabeceira abri o ar quente, na vertical do primeiro terço iniciei o planado e comecei a curva e o afastamento.
Rajadas no motor a cada vinte segundos, velocidade não podia baixar 65mph, não podia chegar alto e pior ainda se chegasse baixo e o vento soprava de Echo, me jogando para cima da pista na perna do vento e para longe dela na final. Além de que tinha um publico especial que não podia ver meus catrapos.
Olhava para pista, imaginava que o momento certo de rodar base, parecia que ficaria longe, mas lembrava que o Paulistinha planava muito, depois que cruzei o través da cabeceira, dei uns cinco segundos e rodei base, fui mantendo o avião, aguardando ele afundar, senti que ficaria baixo, encurtei a perna base e fui para cima da pista, cheguei um pouco alto, mas toquei dentro do primeiro terço.
Acertei quase tudo, estolei um pouco alto, o pouso foi bom, mas foi forte. Completei motor e arremeti. No Paulistinha, quando for arremeter, ao completarmos o motor, temos que levar o manche a frente simultaneamente, pois a aeronave já tem energia, caso não o faça, corre grande risco de sair de três pontos.
Novo procedimento, de novo na final, o vento tinha aumentado um pouco, cruzei as duas verticais e iniciei o 360º. Interceptei a perna do vento e o deixei afundar. Alonguei o que eu imaginava ser o suficiente rodei base e final. Na final do vento me jogava muito para fora da pista, o que necessitou fazer algumas correções, manche para o lado do vento e pedal contrário para manter o nariz alinhado.
A aeronave não afundava, toquei bem depois do primeiro terço e não tive mais espaço para arremeter, o jeito foi livrar e voltar ao ponto de espera.
Nova decolagem, todo o circuito, terminando o 360º a instrutora me pede para fazer um pouso completo, estaríamos abortando a missão mediante ao vento que ficou muito forte.
Abortamos a missão, taxiamos até o pátio e cortamos o motor. No debriefing a conversa foi que os pousos foram bons, mas não pudemos completar a manobra. Não me lembro de ter visto nenhuma aeronave decolar por um período de três horas.
A temperatura esquentou, chegou aos 34ºC, o aeroclube estava lotado, chegavam excursões de escolas, de outras cidades. Fecharam a estrada de terra que tem aproximadamente 900 metros só com os ônibus estacionados. Dentre os brinquedos, tinha tirolesa, touro mecânico, escalada, atrações com palhaço entre outras.
Como não tinha mais espaço na área reservada, alguns alunos ficaram na área das aeronaves. Aproveitamos para rebocar um Paulistinha e ficar sentado debaixo de suas asas observado e conversando. Muitas pessoas aproximavam-se do alambrado, pediam para ir nas aeronaves junto com alguns alunos ou instrutores acompanhando para contar as histórias e como é o curso de piloto.
Continuei sentado junto a outros alunos, até que apareceram duas jovens/adolescentes, aí eu levantei e fui perguntar se elas já conheciam o aeroclube e se queriam conhecer as aeronaves. Mostrei o Paulistinha e todas outras aeronaves de instrução (Sabe o golpe do CCF?).
Não pude ficar muito tempo, devido aos compromissos em São Paulo, mas soube que o Papai Noel chegou de Corisco.
Feliz Natal a Todos. Ano que vem, espero que os que sejam das regiões próximas possam ir no XI Aeronatal.
(Foto Maestro)
Boa Semana, Bons voos.
Ficam as fotos do Cmte Maestro.