Segurança Básica de Voo: Arremetida

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Comando: – É, acho que não fizemos uma boa aproximação… vamos arremeter!

Copila: – Puts, sério?

Comando: – Arremetemos!

Copila: – Como assim? Nós nem chegamos perto de tocar a pista. Eu nem senti frio na barriga e aquele medo de morrer que todo mundo fala!

Comando: – Isso faz parte da segurança de voo. É um procedimento normal!

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Foi dessa maneira que a “famigerada” arremetida começou a se desmistificar para mim. Eu sempre soube que isso era uma atitude de segurança, mas sempre ouvi histórias em que a manobra é tida como uma falha ou insegurança do piloto. Do ponto de vista do passageiro, isso é quase como um acidente anunciado. É praticamente certo que toda história aterrorizante sobre isso tenha sido contada por um amigo seu que tem problemas em viajar de avião.


As consequências

É sabido que há algum tempo algumas companhias aéreas não estimulavam que seus comandantes fizessem a arremetida, uma das razões é a economia de combustível, pois se gasta uma quantia considerável na manobra. Acredito que na aviação executiva não seja muito diferente, e é bem provável que haja até uma cobrança maior em relação a isso, pois o patrão está sempre com você no voo.


Na atualidade

Sabendo disso, perguntei a um amigo que está na linha aérea sobre como está essa visão atualmente, e fui surpreendido pela resposta dele. Felizmente, essa visão está mudando. As companhias aéreas entendem que, apesar do gasto adicional, esse procedimento pode evitar um incidente/acidente, e isso prova que a segurança está em primeiro lugar na visão delas.

Hoje as aeronaves possuem sistemas extremamente modernos, que monitoram o voo e fazem com que as aproximações para o pouso sejam feitas com muito mais precisão, e assim a manobra é cada vez menos necessária. Mas em um caso onde ainda assim não existam condições ideais e o piloto prefira arremeter, o procedimento é padrão e incentivado pela empresa.

Mas para que isso seja feito com segurança é preciso levar outros aspectos em consideração durante o decorrer do voo, e é aqui que entra novamente a economia de combustível. Para que você tenha uma boa reserva de autonomia para uma arremetida, espera, e nova aproximação, todo o seu voo deve ser otimizado visando isso, ainda mais se esse cenário ocorrer já no aeroporto de alternativa.

É importante sempre levar em consideração que depois que decolamos o pouso é obrigatório, mas deve ser feito com segurança e certeza de que estamos em condições para realizá-lo.

“Todo pouso é uma arremetida que deu errado”

Renato Cobel
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