Super Petrel LS: Por que tão querido?

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Saudações leitores do Canal Piloto!

Esta semana vamos falar sobre o SuperPetrel LS, um ultraleve anfíbio fabricado pela brasileira EDRA Aeronáutica, que vem fazendo sucesso mundo afora. O objetivo é demonstrar um pouco das qualidades deste simpático barquinho voador e tentar entender porque ele é tão querido pelos pilotos desportistas manauaras. Sou Fernando Sosnoski e esta é a Aviação na Amazônia.

(Imagem: Divulgação)

A Edra Aeronáutica; o projeto Petrel

Era 1985 quando o engenheiro Claude Tisserand, francês nascido na ilha de Córsega, no Mediterrâneo, começou a construir um biplano anfíbio com dois assentos chamado de Projeto Hydroplum II. Um ano depois fez os primeiros vôos, que tragicamente revelaram muitos problemas no modelo, principalmente quanto à estabilidade e a hidrodinâmica.

Seguiu-se um período de infindáveis ajustes até chegar ao desenho que a francesa SocietéMorbihannaise d’Aero Navigation – SMAN submeteu à produção em série no ano de 1990, rebatizando-o com o nome Petrel e vendendo-o em forma de kits, para o consumidor montar em casa.

Este nome em francês (Pétrel) refere-se às aves da família Procelariidae, que encontram alimento mergulhando na água do mar e nidificam em ilhas isoladas; uma clara alusão à origem e propósito do avião.

Em 1989, o então presidente da Edra Aeronáutica – André Reynier – vislumbrou um futuro promissor naquele pequeno ultraleve e investiu em material e equipamentos para manusear fibra de carbono, kevlar, alumínio, madeira, entre outros. A Edra adquiriu os direitos de produção de 100 unidades do modelo anfíbio, que foram produzidos até 1996.Neste ano a empresa adquiriu definitivamente os direitos intelectuais do modelo, iniciando-se dessa forma a produção exclusiva do Petrel, na pequena cidade de Itapeúna, interior de São Paulo.

(Imagem: Divulgação)

Mas é claro que não pararam por aí. Em 1997 o Petrel foi totalmente redesenhado e relançado com o nome Paturi (em minha opinião uma escolha super criativa para nacionalizar também a relação tradicional do nome do aparelho com pássaros de hábito aquático; o Paturi pertence à Família Anatidae e tem comportamento semelhante aos Procelariidae, porém em água doce). Em 2001,no entanto, uma nova geração foi anunciada: o Super Petrel 100. Este novo desenho do anfíbio da Edra retornou ao nome de origem e teve grande aceitação no mercado,tendo 200 unidades fabricadas até 2007.

Finalmente, em 2009, surge a última geração do barquinho voador: O SuperPetrel LS. Entre as principais melhorias em relação à versão anterior estão: Nova fuselagem de carbono em peça única com estrutura rígida de Kevlar, longarinas das asas em carbono eportas maiores para o acesso à cabine. O MTOW foi aumentado para 600 kg, fator de carga entre 4/- 2 G’s, e o peso vazio, sem cargas e combustível, foi reduzido para incríveis 320 kg. Todos os sistemas são simples e de fácil manutenção nesta aeronave, o que ajudam a torna-la de baixo custo na aquisição e manutenção.

Em Dezembro de 2012, a Edra entregou o primeiro SuperPetrel LS Turbo, com motor de 115cv, que garante uma melhor performance de subida e maior velocidade de cruzeiro, chegando a atingir 120 mph.

(Imagem: Arquivo Pessoal)

Querido no Brasil e no mundo

A Edra Aeronáutica já é uma referência no mercado mundial; já foram produzidas, até o final do ano passado, cerca de 300 unidades do anfíbio. O SuperPetrel LS está presente em mais de 20 países, sendo que em alguns, como Austrália e União Européia, já se encontram revendedores, oficinas autorizadas e centros de treinamento para operação da aeronave.

Todo este sucesso se deve aos baixos custos de aquisição, de operação e manutenção (o modelo de partida custa em torno de R$175 mi, e em voo à velocidade de cruzeiro, consome cerca de 18 litros por hora), além é claro da imensa vantagem de poder pousar em pistas terrestres (terra, grama, pavimento) e aquáticas.

Podendo ser usado tanto para negócios quanto para lazer, o SuperPetrel LS oferece um espaçoso cockpit, capaz de abrigar confortavelmente duas pessoas, e mais 25 kg de bagagem. Os tanques nas asas comportam 95 litros, o que garante um alcance de 850 km a uma velocidade de cruzeiro de 180 km/h.

O sucesso do anfíbio brasileiro no mundo já é fato, principalmente após a chegada do modelo ao mercado norte americano. No início de 2012, dias antes da Sebring US Sport Aviation (um dos maiores eventos do gênero no mundo), Rodrigo Scoda, diretor da Edra Aeronáutica, disse que “Os Estados Unidos são o maior mercado de anfíbios do mundo e ingressar lá vai ser muito importante para o posicionamento do SuperPetrel no mercado mundial”. Em novembro daquele mesmo ano a primeira unidade do anfíbio brasileiro chegava à Flórida, abrindo as pesadas portas deste novo e enorme mercado.

Em uma outra ocasião, Scoda disse que “O baixo custo e a versatilidade são os maiores trunfos da aeronave, e os governos começam a perceber que o SuperPetrel pode ser uma excelente alternativa para patrulhamento”.De fato, o modelo já está sendo adotado pelas secretarias de segurança para o patrulhamento de áreas em função do baixo custo e da facilidade de operação. Graças à versatilidade, é capaz de operar em pequenas distâncias facilmente.  Aqui no Estado do Amazonas, a Secretaria Estadual de Segurança Pública adquiriu um destes ultraleves para o patrulhamento de áreas, apoio nas barragens e suporte para operações especiais, incluindo a fiscalização de áreas plantadas ilegalmente.

(Imagem: Arquivo Pessoal)

O Petrel na Amazônia

Além de ser bonito, elegante e seguro o SuperPetrel LS tem qualidade de voo incomparável, fornecendo uma pilotagem dócil e precisa em todas as faixas de velocidade. Na água o seu desempenho é imbatível, o desempenho nas descolagens e aterragens em distancias curtas não tem quaisquer restrições tornando-se desta forma uma aeronave completa. Somando-se isso ao já citado baixo custo de aquisição e manutenção, o dócil ultraleve não poderia passar despercebido no momento da escolha de qual aeronave comprar para a prática desportiva na Amazônia.

(Imagem: Arquivo pessoal)

Não é preciso repetir que aqui em Manaus estamos no coração da maior floresta tropical do mundo, e – também não preciso insistir – temos milhares de rios que foram a maior reserva de água doce do planeta além do encontro das águas do Rio Negro com o Rio Solimões, formando o Rio Amazonas. Nesta terra de tantas belezas naturais (sim, temos praias fabulosas), este autor acredita que imagens falarão mais e melhor que palavras para se fazer entender. Tenham em mente apenas que para aqueles que dispõem de um barco voador, não existe o inconveniente do trânsito, das estradas ruins ou das praias lotadas, como é o caso da Ponta Negra:

(Imagem: Reprodução)

 Todos os fins de semana, senão todos os dias, basta ir ao Aeroclube do Amazonas para vê-los decolando às dezenas para um sobrevôo no encontro das águas:

(Imagem: Arquivo pessoal)

A praia do Tupé:

(Imagem: Reprodução)

A praia da lua:

(Imagem: Reprodução)

Entre dezenas de outros paraísos. E, depois de escolhido local do repouso, basta pousar, encostar o “barco” na areia:

(Imagem: Arquivo pessoal)

Talvez estacioná-lo em terra firme, à sombra…

(Imagem: André Jesus)

E na volta para casa, com proa no aeródromo de Flores (SWFN), ainda um último prazer: o sobrevoo à aldeia cidade:

(Imagem: Reprodução)

(Imagem: Reprodução)

Já citei que imagens falam mais que mil palavras, concordam? Então concordem também que números não mentem.

Segundo informações coletadas no Google em várias fontes, inclusive no site da Edra, Manaus é a cidade reúne a maior frota de SuperPetrel LS do mundo, sendo que após a data das imagens acima, fui informado da chegada de mais duas unidades, novíssimas. Uma delas já com a nova motorização turbo.

Não há dúvidas sobre o motivo, certo?

(Imagem: Arquivo pessoal)

Também concorda comigo, Wilson?

(Imagem: Arquivo Pessoal)

Assim me despeço amigos leitores. Espero que tenham gostado do texto e da aeronave.

Os agradecimentos nesta semana vão para os amigos Wilson Nobre, André Jesus e Francisco Ademar pelo costumeiro apoio, e especialmente para o Sr. Albano, que gentilmente cedeu seu Super Petrel LS para este humilde autor voar (OK, OK, não chequei meu PP ainda, mas voei acompanhado por um INVA, relaxem), tirar fotos e conferir na prática toda a fama do barquinho voador.

Fernando Sosnoski

Renato Cobel
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