Série Aeroclubes: Aeroclube de Londrina – PR

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AERO CLUBE DE LONDRINA - DÉCADA DE 1950 - Juliani

No início de 1941, Londrina era uma cidade jovem, tinha apenas 10 anos de existência e seis anos de emancipação política. A cidade foi criada com base em loteamento promovido por uma empresa de capital inglês, a CTNP – Companhia de Terras Norte do Paraná, subsidiária da Paraná Plantations Ltda, com sede em Londres. Tal empreendimento sobrevivia graças à cultura do café, então o grande produto de exportação brasileiro e base da nossa economia. Um grupo de cidadãos londrinenses, em uma reunião realizada em 21 de janeiro de 1941, resolveu criar um aeroclube na cidade. Fizeram parte dessa reunião o Prefeito nomeado de Londrina, Miguel Balbino Blasi, Ruy Ferraz de Carvalho, Anísio Figueiredo, Vicente Cioffi, Newton Câmara, Luiz Estrela, Davi Dequech e Atanásio Belo. Essa reunião elegeu o Dr. Anísio Figueiredo como Presidente.

Logo o Dr. Figueiredo iniciou os trabalhos para habilitar o aeroclube com uma estrutura física que pudesse abrigar uma aeronave. Foi então construído um hangar inteiramente com madeiras doadas de uma serraria, e sua construção levou poucas semanas. 

Assim que pronto, o Dr. Figueiredo esteve em São Paulo para solicitar uma aeronave para instrução ao então jornalista Assis Chateaubriand, que prometeu enviar a aeronave o mais rápido possível. Em seu retorno para Londrina, o Dr. Figueiredo foi recebido na estação ferroviária com muita festa e celebração pela conquista.

Pilotado pelo jornalista e piloto Joaquim Macedo, um Piper Cub J3 chegou voando em uma tarde ensolarada de domingo a Londrina. O piloto sobrevoou a cidade a baixa altura, mas não conseguiu localizar o campo de pouso naquele caos que era então a área ao redor da cidade, repleta de áreas recém desmatadas, queimadas e restos de tocos de árvores. Ao se esgotar o combustível, o piloto pousou o avião nos pés de café da Fazenda Coati (hoje bairro Shangri-lá), ficando gravemente danificado, mas deixando o piloto ileso. Foi o primeiro acidente aeronáutico em Londrina.  Mais tarde, o avião viria a ser recuperado em uma oficina de carros, e posteriormente voltou a voar no Aeroclube. Outros aviões foram chegando à instituição a partir de 1º de julho de 1941, e o Curso de Formação de Pilotos foi homologado pelo Departamento de Aviação Civil no dia 13 de maio de 1942.

Avião na Aviação Velha - 1938.

 

Ainda no ano de 1942 o Brasil entrou oficialmente na Segunda Guerra Mundial, e o combustível passou a ser artigo de luxo. Com o tempo, o racionamento veio a levar praticamente todos os aeroclubes brasileiros ao esquecimento, o que não foi diferente com o Aeroclube de Londrina.

O campo de pouso de Londrina, onde hoje é o luxuoso bairro Gleba, sem aviões, passou a sofrer as consequências do abandono. O mato tomou conta do espaço e sem dinheiro, a prefeitura prestava pouca assistência para a manutenção da estrada de acesso ao campo e ao aeroporto em si. Em 1944 apenas o aeroclube operava no aeroporto. 

AEROPORTO - AVIAÇÃO VELHA - Juliani

Sabe-se que o guarda do campo aproveitava os espaços livres entre as pistas para plantar milho ou arroz para driblar o racionamento decorrente da guerra. Embora as atividades de instrução de voo, consideradas prioritárias pelo então governo, continuassem, os pilotos e alunos padeciam para chegar naquele aeroporto isolado, poeirento e demasiadamente afastado da cidade, e tentavam um novo local para o aeroporto junto ás autoridades municipais.

Ainda operando no campo da Gleba, em 25 de agosto de 1947, o aeroclube viveu uma grande tragédia com o primeiro acidente aéreo com vítimas da história da instituição. O Piper PP-RYK, ao sobrevoar o centro da cidade chocou-se com um avião particular Stinson PP-DFY.

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 Na colisão e queda, as aeronaves foram totalmente destruídas e nenhum dos dois pilotos sobreviveram ao desastre.

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Hoje, o Aeroclube de Londrina em nada lembra os velhos tempos do campo da aviação, a não ser pelos próprios aviões, e o propósito da escola: Ensinar a voar.

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Uma instituição de excelência no ensino aeronáutico, hoje, o aeroclube recentemente renovado e reestruturado, oferece cursos na formação de comissários de vôo, mecânicos aeronáuticos, piloto privado de avião, piloto comercial de avião, INVA, ICAO e simulador homologado pela ANAC.

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Conta com oito salas climatizadas e confortáveis, e um amplo e exclusivo hangar para suas 13 aeronaves, sendo: 4 AB-115, 5 Cessnas, 2 EMB Tupi, 1 EMB Corisco Turbo e 1 Cessna 172 G1000 todas com manutenção local em uma recente oficina com dois boxes e bem equipada mecanicamente e profissionalmente.

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E para os que fazem o seu primeiro voo solo, conquistam o “direito” do tradicional banho de óleo.

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Situado em uma região privilegiada, o influente aeroclube conta com acesso por uma avenida que homenageia o pai da aviação; a Avenida Santos Dumont, logo em frente à Praça Nishinomiya, e ainda compartilhando de taxiways internas e acesso facilitado pra o aeroporto da cidade, imediatamente ao lado.

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simulador

Boeros do Aeroclube_Canal_Piloto

Agradecimentos:

 

Renato Cobel
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