Na época dourada da Aviação Comercial Brasileira, as pessoas vestiam suas melhores roupas para poder viajar, e literalmente almoçavam ou jantavam a bordo das aeronaves. Porcelanas japonesas e vinhos europeus eram básicos no serviço de bordo, além de taças de cristal e talheres de prata. Naquela época, viajar não era se deslocar entre duas cidades, mas era um evento social, requintado de luxo, onde poucos podiam pagar.
Ainda antes da refeição, todos recebiam toalhinhas úmidas para limpar as mãos. “Na primeira classe, o serviço de caviar da Varig virou uma grande sensação”, conta Cláudia Vasconcelos, ex-comissária de bordo da Varig, onde trabalhou por 30 anos. “Mas, mesmo na classe econômica, a refeição era servida em louça e o passageiro recebia talheres de metal e copo de vidro.” Ao fim da refeição, um café quente devidamente acompanhado por chocolate suíço.
Tanto na Varig como nas outras companhias brasileiras, o serviço de bordo era totalmente requintado, com profissionais de primeira linha. Para concorrer com outras companhias, a Transbrasil servia feijoada à bordo às quartas e sábados, por exemplo, enquanto a Vasp servia na Ponte Aérea canapés de entrada, refeições quentes e diversas opções de bebida, como uísques, vinhos importados e cervejas, além de refrigerantes. Nesse período de ouro, todas as refeições eram grátis e de qualidade, algo impensável hoje em dia. Éramos felizes e não sabíamos.
Mas hoje em dia, a realidade é diferente: Os passageiros pagam hoje em dia até R$ 25,00 pelo lanche consumido durante sua viagem, além de ter o desconforto de uma poltrona apertada, precisando as vezes até pagar pela bagagem despachada ou pela bagagem de mão. Todos esses serviços já estão incluídos na passagem, mas algumas companhias cobram por isso, fazendo parte do atual cotidiano da Aviação Comercial.
Os futuros comissários eram treinados pelas próprias companhias e o processo de seleção era rigoroso. Peso proporcional à altura (“bem” proporcional, no caso das mulheres, mostra anúncio de recrutamento da Varig dos anos 60) e dentição perfeita eram alguns dos requisitos. Além disso, estilistas cuidavam dos uniformes dos profissionais, como o falecido estilista Clodovil Hernandez, que planejou os uniformes da Vasp de 1963 a 1973.
Por Antonio Ribeiro