São muito variadas as formas de controle sobre os comandos que o piloto tem, cada uma com sua respectiva solução ou vantagem, e seu desafio a superar. Seja qual for a forma de sistema empregado na aeronave, é preciso ser consciente de que o controle não depende de você. É preciso respeitar alguns limites e características. No comando mecânico ou por cabos, ainda que tudo seja direto e instantâneo, você precisa respeitar os limites desses cabos e da própria estrutura da aeronave. Isso se faz igualmente importante no moderno fly-by-wire: não adianta pensar que tudo será corrigido e não considerar as falhas, o controle não é somente do piloto e não depende só do mesmo. Manter o avião voando é mais importante do que propriamente fazê-lo voar.
Pudemos ver no filme “o voo”, ainda que este seja um pouco fantasioso, como um sistema moderno pode atrapalhar a vida do piloto, por melhor que ele seja. O comandante naquele situação tinha muita experiência, sabia exatamente o que fazer e como lidar com a aeronave, mas por mais que os comandos fossem dados corretamente, eles não chegavam onde tinham que chegar. Não foi possível contornar a situação, não por imperícia do piloto (longe disso), mas pelo fato que já citei, de que o controle não dependia somente dele.
Já falei em outros posts e retomo meu argumento: o ideal e lógico para um piloto, desde o seu PP, é conhecer absolutamente tudo sobre a aeronave que ele voa, entender seus pontos fracos e fortes, desde um Cessna 150 até um Boeing 737-800 que um dia chegue a voar. Assim, e somente assim, seria possível minimizar a atual “perda de autonomia” que os pilotos vem tendo nos novos sistemas. Saber lidar com algo que funciona perfeitamente é fácil e agradável, saber lidar com algo que não responde de forma certa e impede que o voo continue corretamente é outra coisa. Isso justifica uma frase que ouvi em um vídeo: “Um piloto de Boeing pode ser perfeitamente um mero empurrador de manetes diante de um piloto de monomotor”. Impossível fazer algo bem, sem saber exatamente o que se está fazendo.
Um fato curioso é que a variedade nesse tipo de sistema é tão necessária, que até hoje todos os que foram projetados, com exceções de poucos, ainda são totalmente utilizados e fabricados, pois cada um teve uma época importante e se focou em determinado tipo de voo. Seria inviável instalar um fly-by-wire num Cessna, e impossível um Boeing voar sem um computador de voo que auxilie o piloto. Sendo assim, cada sistema de voo fez e faz voar ainda milhares de aeronaves, por mais simples que ele seja.
- Voamos o mesmo voo de Dumont - 22/08/2014
- Wing Fences e Spoilers - 21/08/2014
- O Canard - 20/08/2014