Sistemas de controle de voo: fly-by-wire

posted in: Eduardo Mateus | 11

No sistema de hoje, podemos ver o limite de eficiência quando se fala no funcionamento e transmissão de comandos numa aeronave. O sistema fly-by-wire utiliza a transmissão de dados às superfícies de controle através de cabos ou fios protegidos. Esse sistema permite a transmissão direta, ininterrupta e filtrada do comando do piloto, ou seja, todo comando feito pelo piloto no manche é processado e avaliado pelo computador, para então ser transmitido total ou parcialmente aos ailerons, profundores e demais superfícies.

Nesse sistema, eu arrisco dizer até que parte da autonomia do piloto é tirada. Se é por um bom motivo ou não, isso já outra questão, muito polêmica inclusive. Mas o fato é que ele não está sujeito a vazamentos, corrosão ou inoperância de algum item, pois toda e qualquer falha pode ser simplesmente contornada ou prevista pelo sistema. O fly-by-wire é muito confiável, e por isso ganha cada vez mais espaço, como na última aeronave da Embraer, o Legacy 500, onde a própria pintura de inauguração reflete o uso do sistema.

Falhas ocorrem, no entanto, e tudo para aviação tem que ser duplicado. É aquele velho ditado que diz: “Quem tem dois tem um, quem tem um não tem nenhum”. Seguindo esse raciocínio e o padrão aeronáutico, mesmo o sistema fly-by-wire sendo muito seguro e previsível de falhas, todo ele é duplicado ou por vezes triplicado, passando em vários outros segmentos da aeronave para se precaver do já citado risco de perda de alguma parte da aeronave.

Recentemente, criou-se um novo tipo de sistema parecido com o fly-by-wire, sendo que este é wireless. Traduzindo, é comando por fios, mas sem os fios! Tudo funciona como a wi-fi da sua casa, transmitindo dados em frequências digitais muito rapidamente. É como se a aeronave inteira fosse rádio-controlada. O lado bom é a imensa redução de peso, pois acredite, o comprimento dos fios hoje utilizados pode passar de 3 mil km dentro de uma só aeronave, o que se traduz em toneladas. Com um sistema onde tudo funciona sem fio, o peso é reduzido (ainda mais do que no fly-by-wire), e o espaço disponível na fuselagem é aumentado.

Todo sistema é pensado primeiro, infelizmente, na economia e lucro, e em segundo lugar na precisão e segurança. Essa vem por sua vez como uma conseqüência da adequação aos padrões mundiais. Fazendo a conversão, 1 tonelada de fios a menos é 1 tonelada a mais de combustível, carga paga e passageiros.

Como tudo tem um ponto fraco, o desse sistema é novamente a sua precisão. E por quê? Simples: quantas vezes você, por interferência ou obstáculos, já não perdeu o sinal da rede wireless da sua casa? Imagine agora isso ocorrendo numa aeronave. Pra quem pilota, é desesperador perder os controles em voo. É de dar frio na barriga estar em uma aeronave que não tem controle, e saber que não existe solução além de, no caso desse sistema sem fio, esperar que ele volte a responder corretamente após uma eventual interferência.

A questão é que, quanto mais soluções encontramos, mais problemas nos são dados de presente, e estes também precisam ser resolvidos. Sou abertamente a favor da digitalização das aeronaves e seus componentes, mas sempre levando e conta a total e absoluta autonomia do piloto e sua tripulação sobre o avião.

Eduardo Mateus Nobrega
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