Tupolev Tu-95: Do magnífico ao “egoísmo”

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O Tupolev Tu-95 “Bear” é uma aeronave formidavelmente bela, muito bela por sinal. E manterá sua beleza e sua excelência operacional até 2040, pelo menos.

Este bombardeiro estratégico voou pela primeira vez em 1952. Com quatro motores Kuznetsov NK-12 com hélices contra-rotativas, é a aeronave a hélice mais rápida que existe. Também é o único bombardeiro movido a hélice operacional atualmente.

Suas asas são do tipo “swept wing”, contendo 35º de enflechamento. Para os padrões de uma aeronave a hélice, é uma angulação muito acentuada, o que explica tamanha velocidade.

Outra característica distinta nessa aeronave é a rotação das hélices. As pontas de suas lâminas ultrapassam a velocidade do som, tornando-se também a aeronave a hélice mais barulhenta da Terra.

O projeto foi proposto em 1950, com exigências como alcance de até 4970 nm – o suficiente para alcançar e neutralizar alvos chaves nos EUA – e capacidade de transportar até 11 toneladas de carga e descarregar todas em cima do alvo.

O grande problema para a Tupolev sempre foram os motores. Algo que utilizasse os mesmos motores do Tu-4 não teria potência nem alcance suficientes. Assim, passaram o trabalho de motorizar esta aeronave para a Kuznetsov. Mas com todos os pontos positivos que o projeto tinha, como ocorrem em quase todos, sempre existem falhas ou sistemas que não conseguimos entender.

O Tu-95 apresentava duas falhas: a primeira, como já foi citado, o seu barulho ensurdecedor, emitido por seus quatro motores contra-rotativos. O outro é algo até inacreditável: mesmo tendo capacidade de transportar de 6 a 7 tripulantes, a aeronave contava com assento ejetor somente para o piloto e o co-piloto. Ou seja, o Tupolev Tu-95 “Bear” tinha capacidade para o piloto, co-piloto, engenheiro de bordo, operador de rádio, um ou dois navegadores e o artilheiro de cauda. Mas em caso de uma avaria grave, somente dois tripulantes se salvariam. 

Até hoje, não sabemos se já foram e quantas vezes foram utilizados seus sistemas ejetáveis, mas numa hora crítica, eu não gostaria de estar a bordo dessa aeronave.

Andrews Claudino