5 situações críticas das aulas de voo

As primeiras aulas de voo são momentos que requerem atenção, vendo que é o momento de transição no qual o aluno ainda está vivenciando na prática o que ele viu nos livros de teoria de voo.

Por este motivo, muitos dos perigos que ainda serão presentes durante toda sua carreira, são elevados neste momento, vendo que o mesmo ainda não sabe reagir corretamente a momentos críticos como esses.


Bird Strike

Comecemos por um no qual o início dessa situação não está ligada a uma ação do aluno. Pássaros, solo ou em bando, podem aparecer na frente de qualquer aeronave em voo.

A diferença nesse caso se diz respeito ao tempo de reação. Um piloto mais experiente já está ciente de que não se pode subestimar os pássaros. Mesmo eles estando segundos adiante, o desvio tem de ser feito imediatamente, seja para as laterais ou mudando sua altitude.

Já no caso de alunos novatos, o desvio por vezes é feito muito próximo desse obstáculo, ou sequer é feito, acreditando que os próprios animais irão sair do caminho perante o monstro de metal indo em sua direção.

O ponto é que os animais assustados com a presença da aeronave irão desviar para qualquer lado, incluindo a direção para a qual a aeronave está voando. Portanto, tome a iniciativa o quanto antes.

Urubus não tem TCAS, a responsabilidade de desviar é sua.


Treinamento de stall

É um instinto primário do piloto ligar o movimento de rolagem das asas ao manche da aeronave. É o que ele faz em 95% do voo para controlar esse movimento, e o primeiro comando que lhe vem a cabeça quando um ato com as asas é necessário.

Entretanto, em um treinamento de stall, quando a aeronave está prestes a perder totalmente sua sustentação, o piloto tem de ter em mente que agora são os pedais e leme que irão assumir essa responsabilidade. Mas as vezes o aprendizado só é fixado através do erro.

Quando a aeronave pende para um lado durante o pré-stall e o aileron é utilizado na esperança de correção, a aeronave pode entrar em parafuso se o erro não for corrigido a tempo.

As vezes o aluno o faz, outras vezes o instrutor assume imediatamente, e em alguns casos o instrutor deixa a aeronave dar ao menos uma voltinha completa, apenas para o aluno não esquecer da lição.


Curva a baixa velocidade

Nos livros de Teoria de Voo é citado várias vezes que a velocidade de stall aumenta durante uma curva. Porém, no calor do momento das primeiras aulas, as vezes esse conceito passa despercebido.

Em um circuito de tráfego para pouso, durante a curva da perna base para a reta final, o aluno está preocupado principalmente em manter a rampa e alinhamento com a pista. Se nesse momento ele estiver lento e a baixa altura, coisas ruins podem ocorrer.

Na preocupação de não descer mais do que o necessário, e de não embarrigar durante a curva para o alinhamento, o aluno pode esquecer totalmente da sua velocidade inadequada para tal atitude.

Nesse momento, como não há tempo e nem espaço para o erro, o instrutor logo o corrige verbalmente ou fisicamente sobre os controles, para evitar um stall de curva próximo ao solo.


Coordenação de Atitude x Potência

O ponto anterior está diretamente ligado a este. Cada atitude requerer necessariamente uma potência e consequentemente velocidade para ser mantida em segurança. Isso tem seu papel não apenas durante curvas, mas também em outros momentos críticos, como a aproximação para o pouso.

Já na reta final, a correta rampa de aproximação é um dos principais ideais. Ao perceber que a aeronave está ligeiramente abaixo do esperado, o instinto do aluno é puxar o nariz da aeronave um pouco mais para cima, afim de descer menos, ou manter a altitude durante alguns segundos. Entretanto, se o mesmo não aplicar potência afim de compensar o arrasto adicional desse ato, a aeronave pode entrar em stall.

O alerta para esse erro poderá vir do instrutor, ou da buzina de stall presente na aeronave, que soa em todo seu esplendor para pontuar a situação.


Arredondamento

Seguindo com os assuntos conectados, o mesmo princípio abordado acima será novamente requerido no arredondamento, que é o ato de transição entre a aproximação e o toque na pista.

Nesse momento o piloto deve efetuar pequenas correções com o profundor afim de sair do voo descendente e ingressar em um breve voo reto e nivelado centímetros sobre o solo, através do qual a aeronave irá pousar ao conforme sua velocidade for sendo drenada.

O problema nesse caso é errar quanto ao grau de profundor necessário, fazendo com que a aeronave toque bruscamente na pista, ou suba demais durante a transição, e comece a ganhar altura enquanto perde ainda mais velocidade.

Em ambos os casos a solução é arremeter para uma nova aproximação, ou se a situação permitir e a pista for longa o bastante, aplicar correções com a potência afim de realizar um toque final estabilizado nas próximas centenas de metros.

No final das contas o importante é evoluir através de seus erros, vendo que se é para errar, que seja durante o período de aprendizado.

Alexandre Sales
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