5 tipos de alunos comuns na aviação

Recentemente citamos tipos de instrutores que você comumente pode encontrar durante sua instrução. Para refletir o outro lado, veremos agora alguns tipos de alunos característicos dessa fase de aprendizado da aviação.

Essa lista é interessante pois não somente detalha tais gêneros de alunos, mas também pode servir para você, futuro aluno, ver alguns estágios de desenvolvimento pelos quais pode passar, e assim, trabalhar em se tornar o melhor tipo de aluno possível.


Aluno “Piloto Virtual”

É cabível dizer que, atualmente, a maioria dos jovens que começam a formação aeronáutica tiveram alguma experiência prévia com simuladores. Desse modo, boa parte de nós foi, mesmo que por breve momento, esse gênero de aluno.

O Piloto Virtual é aquele que conseguia dominar a aeronave de modo satisfatório nos simuladores, e executava com maestria boa parte dos procedimentos e operações. Entretanto, ele normalmente aprende do pior modo que a aviação real não é tão fácil quanto a virtual. Até taxiar a aeronave se torna um desafio na primeira aula.

Apenas depois de passar por esse choque de realidade, ele entende porque serão necessárias até 20 horas de treinamento apenas para que ele consiga decolar e pousar sem o instrutor do lado.


Aluno “Sei, mas não sei explicar”

O próximo estágio de desenvolvimento do aluno se mostra ainda nas primeiras aulas de voo. Dentre as novidades desse novo mundo da instrução aeronáutica que ele está conhecendo, está o Briefing. Este é o nome da reunião com o instrutor de voo antes de cada aula, que visa salientar o objetivo da missão do dia.

O natural do aluno iniciante é se focar em estudar o manual de manobras e o manual da aeronave, vendo que as possíveis perguntas do instrutor estarão baseadas naquele material.

Estando seguro de que absorveu as informações, chega a hora do Briefing, e logo ele é questionado:

— Caro aluno, estudou o que é uma curva de grande inclinação?
— Sim, nobre instrutor.
— Sabe como funciona?
— Sim, li várias vezes.
— Então me explique. Qual a altitude mínima? Quais os graus de inclinação? Quantos RPMs a mais são necessários? E qual o procedimento antes de iniciar tudo isso?
— É… Tipo… Eu sei, só não sei explicar.

Só então o aluno percebe que ler não é o bastante. É necessário estudar o material até que o próprio aluno consiga explicar o procedimento, tão bem quanto o instrutor.


Aluno “A culpa não foi minha”

Já no meio da formação básica, o aluno se encontra na fase de aperfeiçoamento, na qual ele ultrapassou o básico, e está refinando sua habilidade com novos aprendizados. Junto com tudo isso, também é natural que ocorram novos erros.

Apesar de ser comum, nem todos durante seu desenvolvimento passam por essa persona, vendo que ela depende de seu comportamento em voo.

Um clássico exemplo é aquele em que o aluno recebe uma correção do instrutor perante algum erro básico, como não manter a altitude, embarrigar durante o alinhamento final, ou fazer um pouso mais duro, quando tais erros já deveriam ter ficado para trás.

“Ah instrutor, não fui eu, foi o vento”, “É que esse avião é diferente do outro que voei”, “O manche desse aparenta ser mais pesado”, “O compensador deve estar desajustado” – E por aí se vai. Ou seja, a culpa nunca é do aluno.

É natural querer justificar seus erros perante aquele que está lhe avaliando, mas procure evitar que isso se torne uma mania. Dependendo da situação, assumir seu erro será mais bem visto do que tentar criar uma desculpa para justificá-lo.


Aluno “Na hora a gente vê”

Agora já no final da formação de Piloto Privado, vemos a penúltima variante de aluno, que se revela na fase de navegação.

Após já ter praticamente dominado sua aeronave, chega a hora do aluno mostrar suas habilidades voando para outros aeroportos, longe de sua zona de conforto. Nesse momento novas perguntas serão expostas pelo seu instrutor, tais como “Como será sua solicitação ao Controle?”, “Após a novo rumo, o FL permanece o mesmo?”, “Por qual setor nós chegaremos no aeroporto?”, “Quando é nosso TOD?” e etc.

Caso tal aluno não tenha feito um planejamento detalhado, o calor da situação acaba fazendo o mesmo soltar a famosa frase: “Ah, chegando lá a gente vê”.

É nesse momento que o instrutor normalmente reforça a importância do conceito de “Sempre voar à frente de sua aeronave”.


Aluno Padrão

Tendo superado todas essas fases comuns durante sua formação inicial na aviação, é esperado que o aluno seja checado se tornando um Aluno Padrão, o qual ele deve continuar sendo durante os próximos cursos e em seus voos rotineiros.

O Aluno Padrão é aquele que conhece suas limitações, estuda os manuais corretamente, assume seus erros quando os comete, planeja seu voo em todos os aspectos, e sempre que possível auxilia colegas com dificuldades semelhantes àquelas que já teve. Desse modo, ele mostra que não somente se tornou um ótimo aluno, mas também passa adiante o bom aprendizado fruto dos instrutores com os quais já voou.

Alexandre Sales
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