A barreira da informação | Minha Proa: 34

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Um princípio que sempre divulgamos através de nosso conteúdo é a importância do planejamento para a formação aeronáutica, o qual é baseado na informação. Mas o que acontecia anos atrás, quando a informação disponível sobre o assunto era praticamente nula?

O grande legado da internet é, sem dúvida, seu poder de disseminar a informação, o que não foi diferente no campo da formação aeronáutica. Qualquer jovem que vivesse antes dos primórdios dos anos 90 dependeria mais das possibilidades do que da sua força de vontade, pois caso ele não morasse perto de um aeroclube para se informar, sua formação poderia acabar antes mesmo de começar.

Parte desses jovens das décadas passadas iriam desistir justamente por causa deste cenário, acreditando que tão distante quanto um local para se informar eram suas possibilidades de se formar. Sendo assim, tornar-se piloto era algo totalmente fora de sua realidade, tal qual sonhar em se tornar um astronauta – algo distante ainda hoje em dia.

Entretanto, o cenário mais frustante decorrente da falta de informação é o daquelas pessoas que desistem do sonho e seguem para outra profissão, por acreditarem não serem fisicamente aptas para a aviação civil.

Quando eu estava perto de finalizar minha formação teórica de Piloto Privado, comecei a providenciar os exames médicos necessários para levar à clínica credenciada. Tive de inicialmente me consultar com um clínico geral, o qual por sua vez me encaminharia para os especialistas. Quando eu expliquei o motivo das solicitações, ele logo se identificou, citando que quando tinha minha idade desejava se tornar piloto, mas migrou para a medicina por saber que iria ser barrado em alguma fase, pelo fato de utilizar óculos.

– E quem disse que piloto civil não pode usar óculos? – Eu indaguei. Ele exitou por alguns segundos, e disse que realmente tomou isso como verdade por mero senso de conhecimento popular, mas nunca chegou a confirmar de algum modo.

Eu expliquei que, assim como ele, muitos ainda acreditam nessa informação, que na verdade foi apenas uma má interpretação disseminada ao longo dos anos. É a aviação militar que tem essa restrição, exigindo que seus pilotos tenham uma visão perfeita. Já a aviação civil não possui tal particularidade, requerendo apenas que o piloto tenha sua visão funcional, com ou sem o auxílio de lentes.

Ao final dessa explicação, pude perceber um pequeno ar de frustração em sua expressão. Levando em conta que se formou em medicina, ele possivelmente tinha a dedicação e capital necessários. Apenas os investiu em outra área, tão complexa quanto.

– Levando em conta sua idade, ainda dá tempo. – E livrei o consultório deixando um ar de esperança.

Felizmente os tempos mudaram, e qualquer mito como esse pode ser solucionado em poucos segundos no Google. Mas tudo isso depende de sua iniciativa.

Pesquise, leia, assista, escute e converse sobre o assunto, porque diferente dos jovens das décadas passadas, a frase “mas eu não sabia” já deixou de ser uma desculpa válida.

Abraços,

Sales

Alexandre Sales
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