Ar nosso de cada dia: Consequências

 

Diversos incidentes na aviação militar já ocorreram em função da hipóxia (falta de oxigênio no sangue), muitos levando a perdas materiais e raramente de vidas. A exemplo disso, temos o recente caso dos modernos F22 Raptors da Força Aérea Norte Americana, onde pilotos perderam a consciência, em junho do ano passado, pela inoperância do sistema de auxílio de oxigênio. Foram ao todo 11 casos, onde as aeronaves tiveram que permanecer em solo durante quatro meses. Entenda: deixar uma aeronave de US$ 142 milhões no solo esse tempo todo, por uma falha como essa, é algo muito frustrante.

Por outro lado, uma ocorrência como essa na aviação civil é muito comum e, sem dúvida, menos assistida. Para não dizer que no Brasil não é dada atenção a isso, em janeiro de 2012 o CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) divulgou uma nota desaconselhando a operação de aeronaves não pressurizadas acima de 10 mil pés, e proibindo que o mesmo seja feito acima de 8 mil metros.

Na aviação civil temos poucos casos oficialmente relatados, com alguns registros de pilotos que declararam emergência em função da sensação de ‘’lentidão’’, causada pela desoxigenação do cérebro. No entanto, precisa-se considerar que esses pilotos civis não detêm de auxílio algum para remediar a situação, de forma que não sejam obrigados a descer imediatamente. A exceção são as aeronaves de grande porte, como jatos de empresas aéreas, cuja pressurização da cabine possui sistemas de emergência normalmente duplicados. Como dissemos no começo da semana, porém, essa não é a realidade da aviação geral no nosso país.

Pesquisas realizadas com pessoas não acostumadas com a altitude mostram que um passageiro sujeito a uma despressurização imediata (emergência) ou gradual (subida), tem de 10 a 30 segundos para reagir, antes de começar a sentir severamente os efeitos da hipóxia. Você pode pensar: ‘’Ah, eu aguento muito mais do que 30 segundos sem respirar ‘’. Mas tente fazer isso em uma situação onde você esteja sujeito a adrenalina no sangue, e dificilmente você conseguirá, de fato, cumprir esse tempo. Então, se você ainda não conhece os procedimentos de emergência no caso de despressurização num avião, sugiro prestar um pouco de atenção naquela frase repetitiva das comissárias antes do voo. Isso pode salvar sua vida e a de alguém ao seu lado.

Ah, e também não esteja no banheiro se isso acontecer, pois recentemente a Anac autorizou a retirada das máscaras de oxigênio dos mesmos, em função de maior economia e redução de peso nas aeronaves.

Nos próximos posts, vou citar como a Anac e o Cenipa trabalham através do RBAC 165 para diminuir os riscos desse problema para os pilotos, e também mostrar os tipos de equipamentos e máscaras utilizadas.

Eduardo Mateus Nobrega
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