Ar nosso de cada dia: Sintomas da Hipóxia

Em continuidade à nossa conversa sobre hipóxia, hoje eu gostaria de ressaltar seus efeitos e resultados no nosso corpo. Mas antes, recomendo que assistam ao vídeo abaixo, que ilustrará o que direi a seguir:

A hipóxia, de acordo com alguns médicos, foi por anos a forma mais indicada de se efetuar a morte por decisão judicial nos EUA, pois o condenado não sentia absolutamente nenhum sofrimento. Pelo contrário, a sensação de prazer, conforto e relaxamento levavam o preso a ter uma morte ‘’tranquila’’ nas câmaras hipobáricas. No entanto, não nos é do menor interesse passar por isso, tampouco sentir algo parecido. Por isso, um dos maiores objetivos da tecnologia na aeronáutica, hoje, é permitir que o piloto, da mesma forma que se prepara, tenha o avião preparado para suprir suas necessidades, sem que tenha que se preocupar com a altitude em que está voando, muito menos com o nível de oxigênio no sangue.

A exposição aguda a altitudes superiores a 2500/3000 metros, particularmente se associada a ascensões rápidas, pode induzir a ocorrência de um conjunto de alterações e sintomas, como cefaleias, anorexia (há relatos aonde alpinistas chegaram a perder de 5 a 10 kg em expedições ao Monte Everest ), tonturas ( comprometimento do senso espacial), e náuseas .

Entendamos como funciona a concentração de oxigênio. Todos que fizeram pelo menos alguma banca da Anac, estudaram e memorizaram que a porcentagem de O2 na atmosfera seca é de 21% em média, havendo ainda 78% de nitrogênio, e o restante de outros gases. No entanto, muitos pensam erroneamente que essa porcentagem diminui com altitude. Pelo contrário, ela se mantém constante, salvo algumas alterações de umidade que o ar possa sofrer – ou seja, a 15000 ft o ar terá a mesma concentração de oxigênio (21%), mas a pressão que o mesmo exercerá sobre o volume total de ar será gradativamente menor com a altitude.

Como Torricelli já dizia, em 1643, vivemos submersos num oceano de ar que, mediante experiências inquestionáveis, sabemos ter peso. Não fomos feitos para sair desse ‘’oceano’’, e estar em ambientes de grande altitude é um estímulo biológico agressivo ao nosso corpo, além de indutor de adaptações fisiológicas agudas. Evidente que qualquer atividade em grandes altitudes precisa ser estudada, e se possível evitada, mas como? É o que iremos pensar juntos nos próximos posts.

Eduardo Mateus Nobrega
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