Trip + Azul - A verdadeira regional brasileira

Voar no Brasil não é fácil, seja para a população, seja para as companhias. No caso da população brasileira, sair do Sertão Nordestino e ir para São Paulo, por exemplo, era mais fácil, demorado e barato 10 anos atrás. E no caso das companhias, existe a competição predatória do dupólio Tam e Gol, além do nosso indesejável sócio oculto.

Um belo dia, chega o 11 de Setembro, a falência do Trio Pterodátilo (Varig, Vasp e Transbrasil) e outras companhias antigas, a criação da Gol, BRA e tantas outras companhias (e suas conseqüentes falências) e a Crise Internacional de 2008.

No dia 15 de dezembro de 2009, com um Embraer 190 operando a rota Campinas-Salvador, decola a Azul Linhas Aéreas Brasileiras, com sede em Campinas, criada por David Neeleman. Onze anos antes, José Mário Capriolli fundava a Trip – Transportes Regionais do Interior Paulista, com uma aeronave Embraer 120 Brasilia. Com o passar dos anos, não só o interior paulista estava sendo atendido, mas o país inteiro passou a ser atendido pela companhia. Mas o que fez seus caminhos se cruzarem? Essa fusão nos beneficiará? As concorrentes aceitarão de braços abertos esse casamento? Descubra nas próximas linhas

Azul e Trip

Com os mesmos objetivos, frota e cor-símbolo, só para citar os principais, essa nova companhia tem tudo para dar certo.

Quando foi criada, a Trip era apenas um braço-direito do Grupo Capriolli, empresa de ônibus. O tempo passou, ela cresceu, incorporou jatos regionais, comprou a parte de passageiros da TOTAL e aposentou os dois Embraer 120 Brasilia originais. Hoje serve quase cem cidades diferentes, sendo que algumas com exclusividade.

David Neeleman já tinha experiência em criar e administrar companhias low cost/low fare, principalmente no Canadá e nos Estados Unidos. Atento ao mercado de seu país natal, David criou a Azul, operando inicialmente jatos Embraer 190/195.

A estratégia de servir cidades sem escalas e sem um hub principal (na prática, Viracopos funciona como um hub, mas isso é outro artigo) não deu muito certa, principalmente por causa da competição contra Tam e Gol.

Tentando competir com sua noiva, resolveu comprar 40 novos ATR 72-600, sendo a primeira companhia na América do Sul a usar o novo avião. A competição virou amor, e, há uns seis meses atrás, os donos da companhia passaram a combinar o valor do dote para se realizar a fusão.

A sede física da companhia irá migrar para Alphaville, e provavelmente a sede operacional será o Aeroporto de Campinas/Viracopos.

Quanto a demissões e contratações, talvez vão estar como estavam antes (as duas estão contratando pilotos e comissários e outros cargos, eu estava procurando estágio nelas, hehe), e, além disso, as duas são grandes clientes da Embraer e ATR. Só o tempo dirá.

Tam e Gol – “Agora irá complicar tudo”

As duas perderam uma grande oportunidade. Mesmo com cada uma tendo comprado uma companhia diferente (Pantanal e Webjet, respectivamente), cada uma terá a “AZIP, TRUL” ou Azul Linhas Aéreas Regionais Brasileiras como nova concorrente.

O bicho vai pegar também nas companhias menores, pois mesmo TAM e GOL tendo acordos de code-share com companhias regionais (e conseqüentemente menores), elas também estão crescendo, podendo vir a fazer concorrência.

Nessa história toda, se o CADE aprovar a fusão das duas, a TAM se ferrou bonito, pois não cumpriu o memorando de comprar aproximadamente 30% dos papéis da TRIP. E é lógico que a nova companhia não irá vender uma parte para sua concorrente. E para piorar, com certeza o acordo de code-share entre TRIP e TAM será cancelado. O lado bom é que a Pantanal “ainda opera” voos para a TAM.

A Gol ainda tem um pouco de sorte, pois possui acordos de code-share com a Passaredo, que também está em um crescimento muito bem planejado e controlado, com seus ERJ-145 e ATR 72-600. Mas será ruim competir com a Vermelhinha e com a Azul. Mas a Webjet está aí para isso.

Conclusão

Os preços irão baixar por algum tempo, a Tam e a Gol irão dar uma trégua entre a guerra delas para se unir contra a Azul, e até mesmo contra a pobre Passaredo.

O mercado de trabalho na Aviação aumentará, e muito (espero ser um desses novos funcionários), juntamente com o crescimento das companhias. Mais passageiros irão voar, seja pela primeira vez, seja mais vezes.

Agora, caro leitor, deixo de presente para você a Pergunta da Semana:

Como você acha que o Mercado irá se comportar? O que a Tam e a Gol irão fazer para combater a nossa “nova” companhia regional?

Por hoje é só pessoal (você ouviu na sua mente a musiquinha do Looney Tunes, não é?).

Foxtrot Uniform India

Antonio Ribeiro
11/06/2012