Blériot XI

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O Blériot XI pode ser chamado de aeronave totalmente revolucionária, tanto para a aviação civil, quanto para a militar. Realizando seu primeiro voo em janeiro de 1909, foi também a primeira aeronave a cruzar o Canal Inglês.

Após ser desenvolvido a partir de seu antecessor – o Blériot VIII, que voou com sucesso em 1908 – o Blériot XI foi apresentado no Paris Aero Salon no final de 1908, com um motor de 7 cilindros e 35 cv. Em seu primeiro voo no ano seguinte, essa motorização se mostrou extremamente confiável.

Após o sucesso apresentado pelo motor, o seu desenvolvedor, que fabricava motores para motocicletas, entrou para o campo de fabricação de motores aeronáuticos. No mesmo ano, em 1909, projetou um motor Anzani semi-radial de 25 cv, com 3 cilindros para alimentar o Blériot.

Consequentemente, a hélice também teve que sofrer alterações, passando a ser feita com lâmina de madeira de nogueira. Essas novas hélices não só melhoraram o desempenho da aeronave, como foram um grande avanço tecnológico para os aviões franceses. Também foram as primeiras hélices européias que entraram para a concorrência dos projetos utilizados pelos irmãos Wright.

O cruzamento do Canal Inglês foi um evento realizado em 1909, que premiaria o ganhador em £1000. Os participantes foram Blériot, Hubert Latham e o Conde de Lambert, que levou dois biplanos feitos pelos Wright. No dia do voo, com céu limpo e vento calmo, Blériot decolou ao amanhecer rumo ao seu voo histórico, sem auxílio de bússola.

Seu voo foi um tanto quanto turbulento, desviando para o leste de seu curso pretendido. Ele teve a sorte, no entanto, de observar a costa inglesa à sua esquerda. Lutando contra a turbulência, Blériot teve que realizar um pouso pesado, danificando o trem de pouso e a hélice, mas sem gravidade. Seu voo levou 36,5 minutos, o que atraiu o interesse de compradores.

A aeronave que realizou o cruzamento do Canal Inglês nunca mais voou. Após aquele dia, foi colocada em exposição em uma loja de departamentos, sendo posteriormente comprada pelo Musée des Art et Métiers, em Paris, onde permanece exposta até hoje.

No uso civil, o modelo XI participou de diversas competições de distância e velocidade. Com isso, recebeu diversos tipos de motores e, com o aumento da demanda, foi possível até a abertura de um aeroclube para voos de instrução. No começo, só existiam modelos para um piloto. Por conta disso, as instruções eram do uso básico dos comandos, seguidas de exercícios em solo, como o taxi por exemplo. Para se adquirir uma licença de piloto naquela época utilizando o Blériot, os pilotos tinham que realizar voos circulares com uma distância de 3 nm do aeroporto, e a uma altitude média de 500 pés do terreno.

Já no uso militar, o Bériot XI serviu à França, Inglaterra e Itália. Em 1911, foi utilizado na África do Norte pela Itália, caracterizando o primeiro uso de aeronaves militares em uma guerra. O México também recebeu alguns exemplares.

Durante os primeiros estágios da Primeira Guerra Mundial, o Bleriot realizou operações de reconhecimento, instrução de militares e até como bombardeiro, com capacidade de transportar bombas de 25 kg. Em 1911, o Blériot XI não só foi a primeira aeronave a ser utilizada em uma guerra, como também foi a primeira aeronave monoposta a transportar bombas com mais de 20 kg durante uma guerra.

Andrews Claudino