Breda Ba.88: Se para voar não prestou, que sirva como isca

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Durante as guerras, qualquer projeto que possa ajudar o país na batalha é sempre bem-vindo. Em relação a um avião, contanto que ele voe e consiga lançar algo que faça estrago no inimigo, já é um belo avanço. Para a Rússia então… desde que voe, até um tanque de guerra está valendo!

O Breda Ba.88 foi uma aeronave projetada em 1936 para atender as exigências da Regia Aeronáutica, que procurava um caça-bombardeiro pesado, capaz de atingir a velocidade máxima de 530 km/h, armado com canhões de 20 mm e autonomia de 1.240 nm.

Durante os testes, o protótipo do Ba.88 com uma cauda normal estabeleceu um recorde de velocidade para a sua categoria. Dentro de uma distância de 100 km, atingiu a velocidade de 518 km/h. Dois meses depois, ele obteve outro recorde por alcançar 475 km/h, voando 1.000 km.

O protótipo teve um aumento na velocidade máxima quando passou a usar cauda dupla, e foi equipado com motores Piaggio P.XI-RC40s com 1.000 hp cada, quebrando assim o recorde dos alemães ao voar a uma velocidade média de 554,4 km/h em uma distância de 100 km, com 1.000 kg de carga. Posteriormente, atingiu 524 km/h em mais de 1.000 km de distância, e com 1.000 kg de carga.

Todo esse desempenho e recordes mostravam que essa aeronave tinha um futuro promissor, mas não foi assim que aconteceu. O Ba.88, na teoria e prática, atendia a todas as necessidades da Regia Aeronáutica e se mostrou muito eficaz. Tinha até um desenho elegante e aerodinâmico, uma estrutura robusta, longo alcance, alta velocidade e poder de fogo pesado. Apesar desse início favorável, a adição dos equipamentos militares na aeronave revelou seu verdadeiro desempenho.

As séries de produção com os equipamentos militares afetaram demais os efeitos aerodinâmicos, prejudicando muito o desempenho dessa aeronave, deixando-a abaixo de qualquer nível razoável. Imediatamente o contrato foi cancelado, e a produção só foi retomada por motivos políticos. A desculpa dada foi de que visava-se transferir a aeronave para voos de instrução, porém nem isso evitou o fracasso total do programa.

A segunda série da produção do Breda totalizou 19 aeronaves, equipadas com pequenos anéis na carenagem do motor. Houve até uma evolução limitada nas novas aeronaves, que saíram da fábrica e foram enviadas direto para o ferro-velho.

Essa aeronave medíocre, como era conhecida, teve seu histórico operacional um tanto interessante, já que seu desempenho era terrível em voo. Por que não ter outra utilidade que fosse atrapalhar o inimigo? Foi assim que, em 1940, os Ba.88 deixaram de ser bombardeiros e foram espalhados nos aeródromos como chamarizes. Um fim degradante para o novo (teoricamente poderoso) Breda Ba.88.

Andrews Claudino