Nas redes sociais, nos elevadores e corredores do Brasil, o assunto não tem sido outro, e tão cedo não mudará: a espetacular Copa que presenciamos em nosso país, e a fragorosa derrota da Seleção Brasileira nas semifinais. Seleções do mundo inteiro deram um verdadeiro espetáculo em nossos estádios, e o nosso time, infelizmente, protagonizou uma derrota histórica. Foram tantas atuações brilhantes e tantos contrastes, que chega a ser difícil falar de qualquer outro assunto, como se pudéssemos ignorar um evento ao qual os olhos de todo o mundo estiveram voltados durante o último mês.
Antes que pareça o contrário, nem de longe tenho a intenção de desviar nosso assunto para o esporte. Diga-se de passagem, quem me conhece pessoalmente sabe que estou longe de ser uma pessoa qualificada a falar de futebol. Mesmo assim, a Copa do Mundo deixou lições que se aplicam tanto dentro quanto fora do gramado. Cabe, então, propormos aqui a seguinte pergunta: que lições podemos trazer de um campeonato esportivo mundial para a nossa formação aeronáutica?
Uma das primeiras coisas que me chamaram a atenção no evento foi como a disciplina e o trabalho de equipe dos alemães derrotaram nossa “malandragem” e confiança em talentos individuais. A verdade é que, dentro dos campos e fora deles, não existem talentos natos. Da mesma forma que vence quem treina mais arduamente, a aprovação em bancas da ANAC e em processos seletivos está reservada aos mais disciplinados, àqueles que estudam e se preparam com mais dedicação. E quanto mais você se dedicar, tenha certeza de que melhores serão os seus resultados. É a velha moral da clássica estória da lebre contra a tartaruga.
O trabalho em equipe também é algo importante de se destacar. Equipes bem entrosadas derrotaram seleções que confiaram no fato de terem estrelas em seu elenco. Saber trabalhar em conjunto é essencial para uma equipe vencedora, seja ela um time de futebol ou a tripulação da qual você faz parte. Por isso mesmo, saber trabalhar em equipe é mais importante do que ser um talento fora da curva.
Outra coisa interessante que vi acontecer foi a mudança de discurso que muitos adotaram em nossa derrota. A afirmação de que “NÓS ganhamos”, recorrente em nossas vitórias, foi rapidamente substituída pelo “ELES perderam”, em alusão aos nossos jogadores. Se pararmos para pensar, não é uma atitude muito diferente daquela que muitos de nós, certamente, já vimos em pilotos em instrução, que atribuíram seus catrapos a mudanças no vento, a falhas no motor ou folgas nos comandos, porém jamais a si mesmos.
Tomar para si a responsabilidade dos erros, além de denotar maturidade, nos proporciona a oportunidade de aprender. O erro é uma parte fundamental do processo de aprendizado, e por isso mesmo, precisa ser abraçado e aceito. Só acerta tudo de primeira quem já sabe, e não quem está aprendendo. E a nossa atitude diante de nossos erros e derrotas pode fazer toda a diferença no futuro de nossa formação.
Eu mesmo me lembro muito bem em quantos simulados para a prova da ANAC eu fui vergonhosamente reprovado, mas mesmo assim, não desisti da minha meta. O lendário Michael Jordan, em um famoso comercial gravado para a Nike, falou de todos seus erros e derrotas, e de como eles foram importantes para torná-lo o maior jogador de toda a história da NBA. E no vídeo abaixo, que tomo a liberdade de compartilhar com vocês, ele próprio fala de tudo o que dissemos acima: que não existem talentos divinos, que a vitória depende de muito esforço e dedicação, e que as derrotas são importantes para construírem vencedores em nós, desde que as aceitemos sem nos esquivarmos em desculpas.
Nossa seleção certamente terá muito o que aprender com sua derrota, se souber aceitá-la e tomá-la como uma lição. E mesmo nós, se não nos permitirmos abater diante de nossos erros, teremos valiosas lições em nossa formação aeronáutica. Mares calmos não fazem bons marinheiros, e céus CAVOK o tempo todo não farão, de nós, bons aviadores. E você? Como encara seus erros e fracassos, e como pretende encará-los de agora em diante?
Abraços e boa semana!
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