Enquanto concluo os preparativos para minha visita a Chernobyl e Pripyat, lembro-me de que possuía um acervo de histórias e alguns relatos sobre o acidente nuclear ocorrido por lá. Em um deles, o envolvimento de helicópteros utilizados de forma desesperada e “precária” para conter o que, no início, as autoridades não tinham ideia da proporção catastrófica que viria a ter.
Sábado, 26 de Abril de 1986. Em uma bela noite de Primavera, em torno das duas horas da manhã, durante um teste, ocorre o acidente… A partir daquele momento, o incidente foi tratado como algo sem gravidade, um simples incêndio. Graças aos funcionários que ali estavam, uma segunda explosão não aconteceu. Atualmente, são “heróis” anônimos, esquecidos.
No total, foram pouco mais de 80 helicópteros requisitados para jogarem sacos de quase 100 kg de areia, argila e chumbo no núcleo do reator. Ele estava tão quente, que a 200 metros de altura, a temperatura ultrapassava 120ºC. A dose letal de radioatividade a que os pilotos e tripulantes estavam expostos era de 9 vezes os limites aceitáveis.
Os pilotos deveriam fazer passagens rápidas por cima do núcleo, para tentar conter 1.200 toneladas de um magma incandescente, que queimava e liberava poeira radioativa no ar. Durante as missões, houve somente um acidente. Um Mi-8 atingiu os cabos de um guindaste, caindo próximo ao reator, matando todos os quatro ocupantes.
A imprensa também não ficou de fora. Quatro fotógrafos foram cobrir o acidente, por terra e por ar. Todos conseguiram apenas poucas fotos, já que a radioatividade afetou suas câmeras, acabando com o resto das fotos e seus negativos. Dois dos fotógrafos sofreram de câncer durante anos, até que morreram.
Por conta desse acidente, o incêndio liberou perigosas partículas radioativas de Césio-137, Iodo-131, Estrôncio-90 e mais outros radionuclídeos pela Ucrânia e Europa. No total, foram 41.111 mortes atribuídas ao desastre de Chernobyl. No entanto, a comemoração do dia 1 de Maio não foi cancelada. Todos os registros dessa data desapareceram dos arquivos da Ucrânia. Certamente, houve milhares de mortes não registradas.
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