O que seria combater o terrorismo e os atentados à vida humana sem usar do próprio terrorismo? Hoje em dia, em alguns aeroportos, o nível de segurança tem chegado a um ponto extremo, onde em qualquer suspeita, o passageiro é retirado do embarque e encaminhado para um interrogatório extenso. Não é raro ver casos desse tipo na televisão. Alguns podem ver isso com bons olhos, mas outros acreditam que essa e outras atitudes são, de certa forma, constrangedoras e exageradas. Por isso, existe também um esforço em tornar a segurança mais ostensiva e menos indireta, de modo que as pessoas que apenas querem chegar aos seus destinos não passem por situações assim, e precisem perder um voo por não obedecerem a um determinado padrão de segurança.
Obviamente todos os passageiros necessitam estar nos padrões para embarcar. O risco definitivamente não pode existir, mas o que ocorre é que, em determinados casos, é possível usar ferramentas mais brandas e específicas, no sentido de não constranger os passageiros nem desgastar pessoas que precisam embarcar sem perda de tempo. Em outras palavras, é combater o terrorismo sem o próprio terrorismo. Há relatos de pessoas que chegaram a passar dias presas nas alfândegas de aeroportos, detidas por apenas possuírem nacionalidade suspeita, ou acredite, por não carregarem bagagem alguma.
A interferência ilícita precisa ser combatida fora do avião, isso é fato. Não existe como impor ordens aos criminosos, ou proteger a tripulação e passageiros com a aeronave já em voo. Por isso, investir em uma constante perseguição às novas táticas e meios que o terrorismo tem usado para alcançar seu sucesso, é a melhor alternativa num jogo em que um segundo pode mudar totalmente a partida.
Um fator extremamente importante também é que as empresas consigam manter essa certa discrição quanto a informações sobre procedimentos e equipamentos utilizados hoje. Nossa maior vantagem – quem voa sabe bem disso – é que temos toda a informação conosco durante todo o voo. O que sai do cockpit depende exclusivamente do piloto ou da tripulação. Então, uma poderosa arma contra esse tipo de terrorismo é guardar e literalmente esconder alguns dados operacionais sobre a companhia e as aeronaves operadas. Por mais contraditório que possa parecer, os passageiros não precisam saber absolutamente de tudo que acontece ali dentro.
Como disse anteriormente, da mesma forma que a tecnologia auxilia e facilita a vida dos sequestradores, ela também tem a capacidade – se bem utilizada – de impedir que uma pessoa com más intenções seja feliz em executar seu planejamento de interferência, ou mesmo sabotagem de uma aeronave. O problema é justamente utilizar de forma correta essa tecnologia, para não apenas mascarar o risco, mas de fato combatê-lo.
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