Como o fly-by-wire se tornou popular

O tema de hoje do artigo não é somente algo histórico ou ‘’biográfico’’ sobre o Fly-by-wire. Decidi pesquisar como que esse sistema ganhou forma. Partindo do pressuposto que praticamente tudo é feito a partir de um problema, o que motivou então a criação desse sistema? Ou qual foi a ideia a originá-lo? São perguntas que não só contam a história desse modelo de sistema de controle, mas também ajudam a entender sua função e importância na aviação civil e militar. Então, novamente é livre o acionamento.

Primeiramente, existe um erro quando se diz que o Fly-by-wire foi somente utilizado em larga escala depois da década de 80, quando o mesmo foi aplicado com sucesso no projeto do F-16. O voo controlado por fios começou bem antes, durante um projeto em particular de um bombardeiro americano de alto alcance, que utilizava uma asa em formato de delta, quase como o B-2 spirit. No entanto, este curiosamente não recebeu nome algum, o que de certa forma encobriu o fracasso do seu projeto. Por utilizar uma asa em delta e não possuir deriva para estabilizar o voo, ele perdia estabilidade muito facilmente, algo bem perceptível em altas velocidades, onde assumia um comportamento semelhante ao Dutch roll. Sem a deriva, era praticamente impossível manter o voo estável sem que o piloto estivesse o tempo todo ajustando este pelo leme, e lutando contra a força do movimento constantemente – algo muito difícil, o que inviabilizou seu sucesso e operação.

Anos depois, o projeto foi retomado, ainda durante um período militarizado, então investimentos não faltaram. Sendo assim, os engenheiros pela primeira vez adaptaram um computador para calcular e compensar o voo, no sentido de proporcionar uma estabilidade para essa aeronave. Curiosamente, nada era digital: o computador, os pulsos e instrumentos eram todos analógicos, e muito embora tenha sido uma versão muito primitiva do voo compensado por um computador, já podia ser considerado um Fly-by-wire.

Finalmente o projeto não deu certo, por perda de interesse em função do fim da guerra e grande recessão econômica. Corte de gastos era a ordem, mas felizmente esse avanço tecnológico não foi esquecido, e foi muito bem aprimorado durante os anos, até se tornar totalmente digital e operacional em caças e aeronaves de alta performance, como o mencionado F-16.

Olhando por esse ponto, é possível perceber que o Fly-by-wire, como muitos comentam pejorativamente, não foi criado para substituir o piloto ou mesmo tornar o voo automático. Isso jamais irá acontecer por motivos já comentados. O Fly-by-wire veio, na verdade, com o objetivo de proporcionar o voo em condições onde o ser humano não seria capaz de mantê-lo fisicamente.

Eduardo Mateus Nobrega
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