Cruzar o Mundo sem escala não é pra qualquer um

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O Rutan Voyager Model 76 foi uma aeronave projetada por Jeana Yeager, a partir de uma ideia que veio durante um almoço com seus irmãos, Dick e Burt Rutan, em 1981. A ideia inicial foi esboçada pela primeira vez na parte de trás de um guardanapo. Sim, às vezes, alguns lugares que não tem nada a ver com o assunto são os que mais inspiram novos projetos.

A aeronave teve grande parte de sua estrutura feita em fibra de vidro, fibra de carbono e kevlar, com um peso vazio igual a 426 kg. Com os motores inclusos, o avião passava a pesar 1020,6 kg. No entanto, quando foi totalmente carregado com combustível até sua capacidade total, ele passou a pesar 4.397 kg.

O Voyager tinha uma hélice dianteira e uma traseira, alimentadas por motores separados. Ele foi originalmente equipado com um motor Lycoming O-235, com hélices de passo fixo. Em 1985, a aeronave foi lançada, equipada com um motor Teledyne Continental O-240 refrigerado a ar na parte dianteira, e um motor Teledyne Continental IOL-200 refrigerado a água na parte traseira.

Ambos os motores foram ajustados pela MT-Hélices para atuarem em conjunto. O plano para que ele pudesse realizar um voo sem problemas era que o motor dianteiro fosse destinado para fornecer energia adicional durante a decolagem e os estágios iniciais do voo, e depois se igualar com o traseiro.

No dia 15 de julho de 1986, os irmãos completaram um voo de “teste”, que durou nada mais do que 111 horas e 44 minutos, percorrendo uma distância de 19.093 km. Nessa primeira tentativa, o voo foi marcado por uma falha no sistema de mudança de passo da hélice, levando-os a fazer um pouso de emergência na Base Aérea de Vandenberg. Posteriormente, os outros voos também foram marcados por emergências, até que optaram em utilizar hélices de atuação hidráulica.

Feito para realizar voos com distâncias extremas, em 1986 o Voyager decolou para ganhar o mundo, sendo acompanhado por mais de 3.500 órgãos de imprensa do mundo todo. Ele voou uma “pequena” distância de 42.432 km, mantendo uma altitude de 11.000 pés, em um voo que durou 9 dias, 3 minutos e 44 segundos, a uma velocidade média de 182 km/h. Além de ter quebrado um recorde de distância, o piloto estabeleceu também um recorde de resistência em voo.

Andrews Claudino