Seguindo com nossa série sobre dúvidas quanto à formação aeronáutica, vamos responder à pergunta de hoje:
Dúvida
Oscar, Lima, Alpha!
Em 2006 fiz o teórico do PP e passei na banca da ANAC. Na época, minha situação financeira não era boa e não consegui fazer muitas horas. Depois arranjei um bom emprego e tinha dinheiro, mas daí o que me faltava era tempo, ainda mais que aqui em Curitiba a meteorologia não ajuda muito.
– Estava pensando em largar mão de vez de voar de verdade e virar piloto de flight simulator (com a promessa da tecnologia do óculos Rfit) ou de aeromodelo FPV:
Além de ser mais seguro e barato, ao menos dá a sensação parecida com a de voar de verdade!
O que vocês acham ?
Um grande abraço e continue o excelente trabalho!
Parabéns, até +
Julio C. Hofmeister
Nossa resposta
Julio,
Conversei a esse respeito com o Adriano Parizotto, que está fazendo o PPA e voa nas linhas aéreas virtuais. Segue abaixo a resposta dele:
” Os simuladores atuais de mercado, como “Microsoft Flight Simulator” e “X-plane”, podem dar um certo suporte ao piloto, mas nunca substituir a sensação de um voo.
No que se refere ao voo visual, os softwares atuais – embora estejam próximos da realidade, com um mapeamento incrível de determinadas áreas e aeroportos, quase perfeito com as cartas de navegação real e as aeronaves comerciais – não reproduzem, fielmente, a sensação de um vento, atmosfera turbulenta, ou o peso do avião/manche, por exemplo.
Porém, em relação a um voo IFR ou vôos repetitivos, as companhias aéreas virtuais utilizam softwares/aeronaves/cenários com uma exatidão quase precisa de um avião comercial real. Têm uma padronização incrível, publicando escalas de vôos aos futuros candidatos, promoção de copiloto a comandante, regras para flight standard de determinado aparelho, além de adotar as cartas de SID, STAR e IAC. Isso pode ocasionar uma grande padronização ao piloto, e até contribuir para a segurança de voo.
No meu ponto de vista, salvo melhor juízo, não vale dizer que voar de forma virtual significa que é mais seguro e barato. A aviação real, com todas as regras da ICAO e regulamentos internos, é extremamente segura, sem sombra de dúvida. Cada vez mais, temos bons profissionais na área.
Em relação ao preço, o voo virtual pode, em primeiro momento, ocasionar uma “falsa sensação de conhecimento”. Ou seja, o piloto virtual pode perfazer uma rota de voo repetitivo, dentro das cartas de voo, utilizando somente o GPS ou FMC de determinando equipamento, sem passar pelo adestramento das escolas ou aeroclubes. Contudo, o preço do treinamento inclui o voo visual, voo por instrumentos, monomotor, multimotor, que será ministrado e cobrado do aluno até a perfeita compreensão da execução das missões.
Atenção, pois perfazer voos IFR seguindo o VOR não é tão simples como indicado nos simuladores. E como disse, pode ocasionar uma falsa sensação de conhecimento…. “fácil demais”. Imagine você, num voo de rota, onde o piloto perde o GPS, e precisa manter a proa ou curso adotando o instrumento ADF e VOR. Sem a correta instrução, fatalmente ele não consegue chegar a ponto nenhum.
Outro ponto que vale destaque é que as empresas devem adotar, com certa freqüência, o uso de simuladores para treinar os pilotos comerciais/pla/instrutores, no que tange a emergência e a instrução, o que é bom para a atualização dos profissionais.
Um piloto real pode ajudar, sim, o bom desenvolvimento dos vôos virtuais, para melhorar cada vez mais a precisão dos softwares e ajudar na instrução e atualização do adestramento dos alunos/pilotos, e até mesmo ajudar a desenvolver novos métodos que colaborem com a redução da carga de trabalho do piloto e da segurança de voo.
Abraço
Parizzoto”
Atenciosamente,
INVA – Instrutor de Voo de Avião
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