Enflechamento negativo

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Como vimos antes, muitas iniciativas e ideias surgiram durante a história da aviação – algumas brilhantes e úteis, outras nem tanto. De alguma forma, porém, todas contribuíram visivelmente para o avanço do voo em si. O tema da semana aborda justamente essas ideias diferentes e estranhas, que à primeira vista foram inúteis. Mas na aviação, até mesmo o fracasso deve ser observado. A ideia estranha de hoje nos leva para a Europa, onde mais se fabricaram aeronaves diferentes até então vistas. Em alguns momentos, os europeus não foram felizes em inventar certas coisas.

Sabemos que inovar e tentar deixar o voo diferente sempre foi uma grande ambição desde a concepção do voo. Mudar o que já tínhamos e fazer melhor era algo visado todos os dias. A Alemanha, principalmente estimulada por conflitos e política armamentista, também entrou nessa corrida para criar novos conceitos próprios na aviação. Um de seus conceitos foi então mudar a posição e formato das asas. Pouco se sabe sobre isso, mas os primeiros modelos de aeronaves com enflechamento negativo, alterações no diedro e perfis críticos foram criados pelas fabricantes Alemãs e Russas, isso tudo mesmo antes de dominarem completamente o voo supersônico, onde essa alternativa faz toda a diferença.

Um grande exemplo disso foi o HFB-320 Hansa Jet, aeronave projetada pela Alemanha, sendo até hoje a única com enflechamento negativo produzida em série. Mas por que exatamente eles utilizaram essa opção de posição nas asas? A resposta dessa pergunta é: Sem motivo algum. Embora seja uma ideia ótima e realmente inovadora, o enflechamento negativo das asas em um avião serve, praticamente, para reduzir o arrasto induzido em velocidades muito altas, promovendo uma maior instabilidade no voo, por mais irônico que isso pareça, além de possibilitar uma maior manobrabilidade do avião em curvas.

Mas as vantagens desse projeto não são maiores do que as desvantagens. Se assim fosse, teríamos muito mais aviões com enflechamento negativo. Perda de estabilidade gera custos altos, por vezes de vidas. Há um decréscimo da sustentação total da asa, além de uma rigidez extrema para manobras, não compensando assim as tímidas vantagens. Isso justifica a resposta do por que terem utilizado esse modelo de asa.

No entanto, como diversos outros exemplos de ideias estranhas, o enflechamento acabou sendo posteriormente muito útil em casos bem específicos de aeronaves. Hoje a Rússia produz jatos militares que utilizam o enflechamento negativo das asas, visando menor estabilidade e maior manobrabilidade durante o voo.

Ao longo da semana, vamos continuar vendo outros exemplos de ideias não muito úteis, e que praticamente não trouxeram vantagem alguma no seu tempo, mas que com o avanço do voo, hoje conseguem fazer total diferença.

Eduardo Mateus Nobrega
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