Erros de cálculo podem custar vidas, muitas vidas! – Parte 1

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Em julho de 1983, um Boeing 767-200 da Air Canada voou normalmente de Toronto para Edmonton. Lá, ele passou por exames de rotina. No dia seguinte, foi levado para Montreal. Após uma troca de equipe, ele partiu de Montreal com o voo 143, em regresso a Edmonton, com o Comandante Robert (Bob) Pearson e o Primeiro Oficial Maurice Quintal.

O voo seguia normalmente, mantendo o nível de 41.000 pés. Próximo a Red Lake, Ontario, um sistema de alerta soou no cockpit, indicando um problema na pressão do combustível dos tanques da esquerda. A tripulação técnica entendeu que os medidores estavam inoperantes, por conta de uma falha eletrônica que foi indicada nos registros do painel.

O computador de gerenciamento de voo indicava que ainda havia combustível suficiente para seguir o voo, exibindo unidades em Libras. Alguns momentos depois, o alarme de pressão de combustível soou indicando que o motor direito não estava sendo alimentado corretamente. Isso forçou os pilotos a desviarem para Winnipeg.

Em poucos segundos, o motor esquerdo apagou. Quando se preparavam para iniciar uma descida de emergência como monomotor, eles comunicaram suas intenções aos controladores de Winnipeg, enquanto tentavam acionar o motor esquerdo. Nessa hora, o sistema de alerta já indicava que todos os motores estavam fora.

Soou então na cabine um alarme estranho aos tripulantes técnicos, algo que nenhum deles se lembrava de ter ouvido antes, nem nos treinamentos. Eles já estavam voando sem os motores, e o que mais os preocupava é que, como não haviam previsto algo parecido, certamente não haviam sido treinados para aquela situação.

O voo já estava planejado para Winnipeg e a aeronave continuava a descer, atingindo o nível de 35.000 pés. Eles procuravam os procedimentos para pouso nesses casos, mas não existia tal lista de procedimentos a bordo. O Comandante Pearson teve de recorrer então às suas experiências de quando voava planadores. Ele estava bem familiarizado com as técnicas desse tipo de voo, mas nunca as havia usado em aviões comerciais.

Pearson deu seu melhor palpite quanto à velocidade ideal de planeio, e tentou permanecer em 220 nós. Enquanto isso, o Primeiro Oficial calculava se eles poderiam chegar a Winnipeg. Para isso, eles utilizavam os marcadores auxiliares de altitude. A distância era informada pelo controlador de voo. Eles mantinham uma média de 5.000 pés a cada 10NM.

Próximo dali, o Primeiro Oficial Quintal sugeriu que poderiam pousar na RCAF Station Gimli, uma base aérea fechada onde ele havia servido como piloto na Força Aérea Canadense. Como a base aérea estava fechada, parte dela foi convertida em pista de corrida, sendo renomeada de Gimli Motorsports Park. Parte da pista do aeroporto, naquela ocasião, estava sendo usada para a organização de uma corrida.

Continua no próximo texto.

Andrews Claudino