Formação de Piloto Privado nos EUA 04

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Formação de piloto privado nos EUA, episódio 4

Saudações leitores do Canal Piloto, 

Após duas horas jogando futebol em um campo localizado exatamente na final da pista 13 do aeroporto McAllen Miller International, fui em casa, tomei um banho rápido e me dirigi ao aeroporto. O voo estava marcado para as 02h30min, porém resolvi chegar um pouco mais cedo para comprar os itens, que não foram incluídos na matrícula, no caso o Headset e Knee Board (no ato da matrícula paguei uma taxa de 1000 dólares, que incluía 600 dólares em horas de voo pré-pagas, manual da aeronave, computador de voo, logbook, uma pasta da Cessna e um curso on-line, também da Cessna). 

Mas ao chegar lá, descobri que o departamento de vendas não funciona aos sábados, portanto, só me restou a “triste” e “tediosa” tarefa de acompanhar o check externo e abastecimento de um Learjet 25, enquanto “fuzilava” o copila de perguntas. Aproximadamente às 02h20min, vi o “019” passando na cabeceira da 18 (pista auxiliar) que fica bem enfrente ao terminal da McCreery. Mais tarde descobri que no momento do pouso, alguns veículos estavam inspecionando a pista principal (13/31) e o instrutor optou por realizar o pouso na 18. 

Pista auxiliar 18
 Destacado de preto, a pista 18/36 do aeroporto McAllen.

Poucos minutos depois, após realizar o debriefing com o outro aluno, o Mike veio e me chamou para escutar o ATIS. Como eu ainda estava sem o knee board, anotei tudo no dele mesmo, e lá fomos nós, para o pátio. Tirei os calços e ajudei o Mike a virar a aeronave, e lá fui eu para o check externo, sendo inspecionado pelo Mike. Após isso, acionamos e seguimos o taxi até a barra de espera da 13.

Ao aproximar-nos da barra de espera, o Mike me inspecionou no check de motor, e após a autorização da torre, cedi o controle a ele. Decolamos e após cruzar 500′, eu estava no controle outra vez. Realizamos curva à direita, como instruído pela torre, e nos dirigimos ao setor norte. Nesse percurso, o Mike percebeu que eu estava olhando muito para os instrumentos, e sinceramente eu praticamente não olhava pra fora, então ele cobriu o painel, e pediu que eu realizasse curvas olhando para fora, baseando-se em referências externas, o que nos EUA é bem simples, já que as estradas em sua maioria, vão sempre no sentido norte/sul ou leste/oeste.

Então o Mike pediu que eu proasse NE, no sentido do aeródromo de Edinburg, entramos no circuito e na perna do vento, passei o controle mais uma vez para o Mike, que realizou um belíssimo pouso. Após um breve diálogo com um helicóptero da policia, sobre o clima em McAllen, lá estávamos no ponto de espera para minha primeira decolagem. O vento estava praticamente alinhado com a pista, então não foi tão difícil, a maior dificuldade mesmo, foi aumentar a pressão no pedal direito na medida em que o avião acelerava. Isso resultou em um “ziguezague” pela pista. Precisei da intervenção do instrutor para manter o eixo… Repetimos esse processo por mais três vezes, e após a segunda tentativa, cheguei ao ponto de realizar uma decolagem aceitável.

Ainda tínhamos cerca de vinte e cinco minutos, já que a reserva mínima era de 1h30m, porém as condições climáticas estavam se deteriorando. Então o Mike resolveu retornar ao aeródromo. Instruído pelo controlador a reportar três milhas fora do aeródromo, assim fizemos, e devolvi o controle ao Mike, que realizou o pouso. Após livrar a pista, taxiamos até o hangar e lá estava mais uma “horinha” no logbook.

Claudio Motta.

Glossário:
Knee Board: Prancheta de voo
Logbook: Equivalente à CIV brasileira.

Alexandre Sales
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