Gotha G.I: O “Cavalo de Tróia” dos Céus

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Em meados de 1914, Oskar Ursinus, fundador e editor de uma revista alemã chamada Flugsport, começou a desenhar um avião grande, com dois motores e configuração convencional. O que chamava a atenção é que a maioria dos biplanos têm a fuselagem presa junto às asas inferiores. Mas não esse.

Nesse projeto, o corpo do avião ficava mais elevado, semelhante a uma asa parasol invertida. Segundo o projetista, uma fuselagem posicionada daquela forma, e um espaço tão grande abaixo dela, permitiam que fossem colocados dois motores juntos, e em caso de falha em um deles, não haveria nenhum empuxo assimétrico durante o voo.

Até que isso poderia fazer sentido, teríamos que ver na prática. Segundo ele, ainda, esse projeto fazia com que o centro de pressão fosse equilibrado com o rebaixamento e a velocidade aumentaria, minimizando o arrasto na asa superior, que é causado pela turbulência da fuselagem.

Em agosto de 1914, Ursinus foi recrutado para o exército. Uma semana depois, apresentou ao seu comandante, o Maj. Helmut Friedel, o projeto de seu avião, destinado para realizar ataques a alvos terrestres. Além de ser benéfica a aerodinâmica, o layout da aeronave promovia excelentes vistas para os três tripulantes, além de grandes campos de fogo para o artilheiro.

Logo em seguida, Friedel ordenou a construção de um protótipo, pelos próprios homens de sua unidade. O Fliegerersatz Abteilung 3 recebeu a designação de B.1092/14, embora passasse a ser conhecido como “FU”, abreviação de Friedel-Ursinus. Ele foi alimentado por dois motores Mercedes DI, com 100 hp cada, armado com uma metralhadora 7,92 mm, e ainda protegido por 200 kg de blindagem de cromo-níquel.

Um único exemplar desse esquisito avião foi designado para ser um hidroavião, encomendado pela Marinha. Em 1915, durante um voo de testes, seis homens subiram a bordo. Quando saíram após o desembarque, um oficial naval nas proximidades comparou a aeronave com um Cavalo de Tróia, passando a ter esse apelido dali pra frente. Ele foi usado operacionalmente por uns oito meses, até fazer um pouso forçado e ser deixado de lado.

Nenhum deles registrou um grande feito operacional, a não ser patrulhas defensivas de reconhecimento, e raramente alguns bombardeios. A única missão relevante e bem sucedida foi do hidroavião que realizou um ataque com sucesso em Dover, destruindo um forte. Para as variantes, a designação “FU” serviu como Friedel-Ursinus (único protótipo), a variante “G.I” para a produção padrão, e “UWD” para a única versão como hidroplano para a Marinha.

Andrews Claudino