Uma aeronave sem dúvida versátil, com acessibilidade e vantagens exclusivas, mas também com desafios estruturais, comerciais e operacionais que pudemos ver ao longo da semana. Como disse anteriormente, na aviação tudo que implica um desafio e trabalho traz grandes mudanças e avanços, é uma regra de certa forma geral. O hidroavião foi projetado, como pudemos ver, durante a guerra como uma forma de unir o meio náutico com o aéreo. Em seguida foi timidamente explorado por algumas empresas do ramo, até usado para a aviação comercial, transportando passageiros! Impressiono-me com a versatilidade do uso de uma aeronave que, de certa forma, é limitada no que tange a sua operação. Mas isso não impediu que até hoje esse projeto fosse produzido, vendido e largamente utilizado.
Um fato curioso sobre hidroaeronaves é que, pesquisando um pouco, pude encontrar um número muito menor de acidentes com vítimas fatais – talvez em função de que um impacto na água seja menos danoso, ou mesmo pela forte estrutura que esse tipo de aeronave tem em certos modelos. Isso precisa ser considerado no mercado, no entanto a desvantagem do custo ainda se sobrepõe.
Infelizmente existe um limite de operação para essas aeronaves. Não é possível manter o controle em altas velocidades sobre a superfície da água: uma vez feito isso, um acidente é algo iminente a acontecer. Basta ver vídeos de lanchas de competição que se destroem ao perder o controle sobre a água. Até hoje a aeronave mais rápida a utilizar a água como pista de pouso e decolagem foi o estadunidense Convair F2Y Sea Dart. Este projeto foi desenvolvido na década de 1950 e é, até hoje, o único hidroavião que conseguiu superar a velocidade do som.
Recentemente o Irã anunciou o sucesso num teste a um hidroavião moderno, durante manobras militares que desenvolveu no Mar de Omã, no Golfo Pérsico. Este hidroavião era um pequeno aparelho de um só piloto, dotado de asas em delta, que se deslocava a pouca altitude sobre o mar.
Para o futuro é bem difícil prever algo para essa categoria de aeronaves, mas é possível imaginar um aumento da necessidade de suas qualidades, como a flexibilidade de operação e maior capacidade de carga. Ter um hidroavião descarregando no porto de uma cidade é algo sem dúvida almejado por qualquer governo. Por ora, espero somente que com o tempo seja possível encontrarmos soluções para os desafios que operar um hidroavião traz, e ver essa categoria crescer cada vez mais no mercado aéreo do Brasil.
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