Durante toda a Segunda Guerra, Stalin, no comando do Exército Vermelho, sempre exigiu muito, mas muito além do esperado ou dos padrões que uma fábrica poderia produzir. Por um lado, essas exigências até deram certo.
A “vítima” da vez foi a Ilyushin, em 1941. Quando a Alemanha invadiu a União Soviética em junho daquele ano, a empresa havia produzido apenas 249 exemplares do IL-2. Havia o “desconto” de que a produção dessa nova aeronave estava começando, e de que, com a invasão alemã, as fábricas localizadas em Moscou tiveram que se deslocar para Montes Urais.
Devido a esse deslocamento, a fábrica e seus engenheiros tiveram algum tempo para readequar os métodos de produção aos padrões que deveriam manter. Isso levou apenas dois meses, fazendo com que os IL-2 logo voltassem a ser produzidos. No entanto, não foi o bastante para Stalin, que ficou furioso e enviou o seguinte telegrama aos engenheiros chefes:
“Vocês decepcionaram seu país e o Exército Vermelho. Vocês têm coragem de não ter fabricado nenhum IL-2 até agora. Nosso exército vermelho precisa do IL-2 como o ar que respira, como o pão que come. Shenkman produz um IL-2 por dia e Tretyakov constrói um ou dois MiG-3 diariamente. Isso é um escárnio para nosso país e para o Exército Vermelho. Peço que não testem a paciência do governo, e solicito que construam mais IL’s. Este é meu aviso final.”
Devido a essa pressão por parte de seu superior, o resultado logo veio a ser aparente: após o Exército Vermelho tomar conta das fábricas da Ilyushin, eles receberam as aeronaves exigidas em quantidades consideráveis.
No total, 42.330 IL-2 foram produzidos, tornando-se assim a aeronave militar mais produzida de toda a história. Seu emprego durante a guerra foi o ataque direto contra blindados. Por sua precisão durante o bombardeio em mergulho, não havia outro emprego melhor para essas aeronaves.
Eu costumo dizer que, quando a Rússia produz alguma coisa, pode fazê-lo com um design inusitado, mas confio de olhos vendados que o equipamento irá funcionar, e suportar até mais do que esperamos. Não foi diferente com o IL-2. Durante toda a guerra, ele ficou conhecido como “tanque voador”, pois devido a sua blindagem pesada, poderia suportar uma grande quantidade de fogo inimigo sem ser abatido.
Há um relato de que um IL-2 em particular, após ter recebido mais de 600 tiros, retornou do campo de batalha funcionando e com segurança, ainda que com todas as suas superfícies de comando marcadas. Mesmo com muitos furos em sua blindagem principal, houve poucos danos estruturais.
- Sky Commuter: Melhor em torrar dinheiro do que qualquer outra coisa - 10/02/2015
- Antonov no Brasil, mais provável do que imaginamos - 09/02/2015
- Combate a incêndios: A tecnologia atual - 04/02/2015