A luta continua

Apesar de alguns acharem um retrocesso a lei do abate – sim, algumas pessoas demonstram repúdio ao que outros consideram uma poderosa arma contra o tráfico – é preciso considerar que, muito embora seja um tanto que impossível vigiar de forma totalitária as fronteiras do Brasil, é o combate ostensivo que de fato vem fazendo o efeito desejado. A droga precisa vir de algum lugar: ela não surge do nada nos grandes centros. Então, as fiscalizações em estradas e em meios de transportes públicos tem feito o tráfico migrar pra outras formas de chegar ao consumidor. Como dissemos anteriormente, entender que outras formas são essas é onde qualquer lei contra tráfico se justifica, inclusive a lei do abate.

Como muito se diz, o bandido precisa ter medo de alguém. Se não houvesse essa atual vigilância nos céus do Brasil, em vão lutaríamos contra o tráfico no solo. Enquanto uma pessoa consegue esconder 1 ou 2 quilos de droga, uma aeronave consegue levar cem vezes isso em uma viagem só. A lei do abate se faz muito mais uma lei ostensiva do que de fato agressiva. Quanto maior a carga transportada, uma vez apreendida, maior a perda para o tráfico. Dessa forma, o piloto que decidir transportar 200 kg de cocaína, avaliados em meio milhão de reais numa rota que cruze um céu vigiado, sem dúvida pensará muitas vezes na possibilidade de perder tudo. Como já sabemos, o que rege o tráfico é o lucro.

Acredito que é possível esperar por uma grande mudança no combate ostensivo. Com a chegada das novas aeronaves compradas pelo Brasil, uma região maior poderá ser coberta por vigilância, uma vez que o Gripen possui equipamentos de radar ativos e, por vezes, mais precisos do que os utilizados em solo para varredura. Faço questão de frisar que é muito difícil obter uma vigilância completa sobre o território brasileiro, mas se houver tecnologia disponível que ajude a ampliar os braços das forças que lutam contra o tráfico, ela deve de certo ser utilizada.

A lei do abate é muito nova ainda, para um país que ainda não aprendeu a lidar com o tráfico. Muito precisa ser aprimorado e investido em tecnologia. Isso é percebido pelas Forças Armadas. Só nos últimos 3 anos, mais de 20% do orçamento da aeronáutica foi direcionado exclusivamente para a importação de tecnologia e novidades que auxiliem no combate mais eficiente, sem perda de contingente, tempo nem dinheiro. A exemplo disso, temos o esquadrão Hórus, sediado na base aérea de Santa Maria-RS, que será de grande importância durante a copa do mundo no Brasil. Ao contrário de outras ferramentas que a Força Aérea tem, a inteligência e tudo relacionado ao combate ostensivo vêm sendo mais atualmente aprimorados. Como dissemos, o bandido precisa ter medo de alguém. Colocar em cheque o lucro do tráfico pode funcionar muito mais do que tentar prender quem trafica, e aí é onde entra a lei do abate.

Eduardo Mateus Nobrega
Redes
Latest posts by Eduardo Mateus Nobrega (see all)