Manutenção em motores a reação

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Uma característica marcante da aviação é a sua versatilidade e capacidade de se reinventar durante os anos. Mesmo nos projetos de aeronaves limitados pela tecnologia, foi possível a duras penas e alguns sacrifícios prosseguir no aprimoramento dos aviões. Segundo Otto Lilienthal, em sua ultima frase, “Sacrifícios precisam ser feitos”. E ele estava totalmente correto: mesmo após diversos avanços e anos distantes de tragédias, infelizmente ainda precisamos ter nossos esforços totalmente concentrados em manter a segurança como a ordem do dia. Um simples descuido, uma simples despressurização, pode causar danos e sacrifícios indesejáveis.

Um fabricante de motor homologado normalmente precisa se responsabilizar por aquele projeto durante décadas, podendo chegar a vinte anos em alguns modelos específicos. Só observando isso, já é possível perceber o quão importante se faz manter a qualidade e a operacionalidade de qualquer peça aeronáutica. Afinal, é com vidas que estamos lidando. E por falar em manter, isso nos remete ao assunto desta semana: a manutenção aeronáutica, afetada justamente por essa versatilidade que a aviação tem – ou seja, a manutenção da maior classe de motores que possuímos hoje na aviação civil, os motores a reação.

A concepção dos motores a reação é simples. Um motor a jato possui menos partes móveis do que é possível encontrar no motor a indução elétrica do ventilador em sua casa. É realmente fantástico ter uma aeronave impulsionada por um motor reativo, funcionando a dezenas de milhares de rotações por minuto. É eficiência garantida. Mas foi aí que surgiu o desafio: como manter esse mesmo motor de forma segura e eficiente, mesmo depois de centenas de horas voadas? Um motor que é levado ao limite também suporta forças igualmente altas.

Com o tempo e a otimização desses motores, foi possível qualificar e quantificar as falhas que eles têm, mesmo não sendo muitas. Passou-se então a preferir o uso de motores reativos a partir de 350 hp. Muitas aeronaves nem ao menos recebiam mais os obsoletos e pesados motores a pistão. A reação a jato começo a ser sinônimo de avanço tecnológico em poucos meses de sucesso.

É justamente sobre isso que vamos falar nesta semana. Como foi e é possível conceder segurança a esses tipos de motores tão simples, mas que exigem cuidados muito específicos? Vamos entender que cuidados são esses, e inclusive, como são realizados – claro que a partir de um ponto de vista mais prático, para que possamos compreender mais facilmente as relações da manutenção de motores a reação.

Como dizem os mecânicos e especialistas em projetos, tão belo quanto voar é fazer voar. Isso faz muito mais sentido quando olhamos para trás, e vemos anos de trabalho e desenvolvimento em cima desses motores, anos de operação com um salto no nível de segurança e operacionalidade. Tudo isso envolve a manutenção dos motores a reação.

Eduardo Mateus Nobrega
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