Nenhum sinal de Vida

Incrivelmente, quanto mais os dias passam, mais fica difícil poder arriscar qualquer teoria ou hipótese que justifique o simples desaparecimento de um Boeing 777, em pleno voo de cruzeiro. É mais fácil somente procurar seus destroços, do que tentar desvendar um mistério sem dados concretos. Agora, ao contrário de todas as hipóteses, as desconfianças estão caindo sobre os pilotos, pelo fato da rota ter sido claramente alterada durante o voo. Até mesmo buscas nos domicílios de todas as famílias dos tripulantes estão sendo feitas, a fim de descobrirem qualquer coisa que ligue o acontecido à tripulação.

Paralelamente à investigação policial, um contingente internacional, que aumentou de 14 para 25 países, procura a aeronave desaparecida em dois grandes corredores geográficos: um que inclui a Indonésia e o Oceano Índico, e outro que se estende do norte da Tailândia, até o Cazaquistão e o Turcomenistão. Recentemente, um satélite conseguiu indicar coordenadas muito aleatórias, dentro de um arco de latitude que cruza a região onde a aeronave pode ter caído. Essas coordenadas não dizem onde a aeronave está, no entanto, mostram onde foi de fato o último contato com um satélite. No caso, foi estabelecida ligação com somente um satélite, quando normalmente precisa-se de três ou mais para que se possa identificar dados com precisão. Por esse fato, as coordenadas indicadas são vagas e imprecisas, mas sem dúvida indispensáveis nessa altura das buscas.

Particularmente, com o que entendo sobre a atual tecnologia em prol da segurança de voo, acho muito suspeito nenhum equipamento – seja ACARS, ELT ou radares citados aqui – poder fornecer informações que possam levar ao paradeiro dessa aeronave. É incrível o fato de que todos esses equipamentos, e muitos outros que o 777 levava a bordo, pararam de funcionar ao mesmo tempo, e se mantiveram assim pelo restante do período do voo. Alguns desses equipamentos jamais podem ser “desligados” pelos pilotos ou por qualquer um a bordo. Apesar das poucas pistas que temos, podemos pensar por eliminação, e levar detalhes como esse em consideração.

É claro que é pesaroso apostar em uma possível queda da aeronave, ainda mais para as famílias que têm esperanças ainda. Mas infelizmente, ao fim de uma semana abordando esse assunto e vendo notícias constantes nos jornais internacionais, acredito que a maioria pode chegar a uma única conclusão, claramente a mais provável: uma queda da aeronave, bem distante inclusive dos atuais pontos de busca. Quem voa ou acompanha as características de performance de aeronaves sabe o quão longe o 777 pode ter ido, em função da quantidade de combustível que levava a bordo. O que espero agora, em respeito às famílias, é sinceramente não ter acertado em nenhuma teoria abordada aqui nesta série. Também espero que, se houve falhas nos equipamentos de emergência do Boeing 777, os quais estão presentes em milhares de outras aeronaves, que sejam o mais brevemente corrigidas.

Eduardo Mateus Nobrega
Redes
Latest posts by Eduardo Mateus Nobrega (see all)