Não é um fato alheio ao nosso conhecimento que o mundo inteiro hoje passa por uma corrida para descobrir uma forma alternativa, ou mesmo mais de uma, que possa sustentar a carência energética que temos hoje. O petróleo é considerado a pior fonte de energia, ambientalmente falando. Engraçado pensar nisso, pois dependemos totalmente dele para nossas tarefas diárias, e mesmo para a fabricação de objetos comuns.
As contas, no entanto, têm aparecido após centenas de anos de extração. Contas bem caras, e com a decadente consequência da dependência dessa fonte de energia. Mas pior que depender de uma única fonte de energia, é poder aproveitá-la de apenas duas únicas formas. Uma clara analogia a isso é tentarmos imaginar que todo mundo possa ter apenas um modelo de carro, mas além disso já ser desanimador, você apenas pode dirigi-lo para apenas dois lugares na cidade. Frustrante, não?
A dependência do combustível fóssil na aviação é frustrante da mesma forma. Você pode ter o melhor avião, de melhor performance, mas vai sempre sofrer na mão de dois tipos de combustíveis para operar. E raramente, muito raramente, sua aeronave poderá alternar entre os dois tipos sem prejuízos ou inutilização do motor. Dessa forma, a corrida para se encontrar uma alternativa, ainda que dentro da gama do combustível fóssil, é incessante na indústria aeronáutica.
É justamente sobre essa corrida na indústria aeronáutica que vamos falar nesta semana. Quais são os novos conceitos de motores? O que podemos esperar nos próximos anos ou meses? Já existe alguma empresa com motores homologados operando outro combustível? São perguntas que todo piloto, ou bom entendedor da aviação, deve saber para se situar no seu meio. É de suma importância estarmos cientes das tendências e necessidades da aviação para nos prepararmos ante as oportunidades. Pode ser possível um novo tipo de treinamento ou adaptação para pilotos que desejam operar tais aeronaves.
Motores com apenas três cilindros, com nova configuração de posição, seguindo o padrão automotivo ou mesmo náutico começam a aparecer. Aproveitando então essa brecha, surgem também motores queimando óleo diesel, álcool como na aviação agrícola, e alguns nem chegando a realizar queima alguma, aproveitando a energia solar incidida sobre as próprias asas.
Muito além da aviação, nós precisamos descobrir e nos reinventar quanto ao aproveitamento da energia disponível, hoje e futuramente. Não podemos viver para sempre extraindo apenas 25% de potencial calorífico de uma substância para fazer praticamente tudo. Pegar um “embalo” nessas mudanças que a aviação vem tendo é essencial pra conseguir garantir que os motores caminhem juntos, com tecnologia ao redor deles. Toda discussão e pensamento nesse âmbito são válidos, e é nisso que nos amparamos para iniciar a série desta semana.
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