Se você parar pra pensar, a função básica e o comportamento de uma asa não mudaram muito, mesmo após mais de 100 anos de aviação. Falamos há pouco tempo, em um série de artigos, sobre diferentes ideias que o homem teve durante esse período, ou mesmo tentativas de reformular o conceito de voar. Fui categórico em dizer que isso é praticamente impossível, pois o voo e suas regras impostas são simples e imutáveis. Desse modo, não existe esforço ou inovação que tenha mudado o voo em si.
Mas o homem conseguiu aprimorar cada detalhe do voo, trazendo mudanças nas aeronaves, na segurança, e finalmente na nossa relação com a aerodinâmica. Isso foi possível através de muito estudo, e muitas tentativas não bem sucedidas, algumas citadas na série “As 5 ideias mais estranhas da aviação”. O homem foi capaz de redesenhar perfis não apenas melhores, mas perfis de asas específicos para cada tipo de voo.
Assim, temos hoje uma gama de asas e dispositivos relacionados a estas que nos ajudam, por vezes, até a determinar qual modelo de avião estamos vendo. Exemplo disso são os Winglets, as Wing fences, e eventualmente o Canard. No dia-a-dia da aviação, falamos muito deles, mas em alguns momentos mal sabemos o seu funcionamento real. E se questionados por alguém, nossa explicação tende a deixar uma dúvida maior.
Pensando nisso é que nossa série desta semana se faz. Vamos abordar esses dispositivos “visuais” que uma asa ou partes das aeronaves hoje possuem, de modo a conhecer de forma simples e prática suas funções, e aumentar nosso conhecimento quanto à identificação e eventual discussão sobre aeronaves civis e militares. Nosso objetivo é entender os principais exemplos desses casos e perceber como o voo evoluiu, apesar das leis do voo não mudarem.
Comentei em uma série passada a seguinte frase: Tudo que você imaginar fazer num avião, antes pare e pesquise, pois muito provavelmente já foi tentado e não deu certo. Isso de fato se faz verdade, ainda mais quando se observam os exemplos da história. Você verá que praticamente tudo já foi tentado para “complicar” o voo, mas o perfeito conceito de voar teima em se manter sempre o mais simples possível.
Durante a semana, vamos ver esses conceitos simples que a aviação tem serem mantidos, e perceber como pequenas mudanças na “fisionomia” de uma aeronave podem mudar totalmente seu comportamento em voo, sem mudar o voo em si. Evidentemente, temos muitos exemplos a citar nesses dias. Dessa forma, manteremos o foco apenas em dispositivos externos, desmistificando algumas ideias de que o conceito do voo mudou, voltando-se para os dispositivos de aprimoramento das reações aerodinâmicas, que ironicamente citamos quase todos os dias.
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