Continuando a sequência das aeronaves mais utilizadas nos aeroclubes, hoje lhes apresento o CAP-4 Paulistinha, aeronave de fabricação Brasileira pela Paulistinha e antiga Neiva, hoje incorporada à Embraer, que surgiu surgiu em meados do anos 50 como uma aeronave de recreação. Seu projeto de uma aeronave dócil e resistente era tão simples e bom, que logo foi incorporada à frota de vários aeroclubes pelo país. Serviu também não só em treinamento de aeroclubes, mas fez companhia ao antes homologado Regente na instrução de voo da marinha, que não possuía um orçamento tão generoso assim.
Com um motor Continental de 4 cilindros em linha, desenvolve somente 65 hp nas primeiras versões, sendo posteriormente utilizado um motor Contiental com 90hp boxer , ja durante a produção em escala, ambos motores suficientes para proporcionar um voo tranqüilo e com resposta eficiente, ao contrário do Aeroboero. Um fato que já citei em uma das séries anteriores é que o que faz uma aeronave voar rápido ou bem não é seu grupo moto-propulsor, e sim a sua ‘’limpeza’’ aerodinâmica, que permite um menor arrasto e maior controle do avião. Esse sim é o maior desafio de um bom projeto, e o Paulistinha conseguiu de forma tímida se ajustar a esses padrões aerodinâmicos, ao ponto de necessitar somente de um motor de 65 hp.
O Paulistinha foi feito em 3 versões: o CAP-4 A, destinado a instrução e sendo produzidas ao todo 777 unidades; O CAP-4B, que era usado para o transporte de uma maca; e o CAP-4C, que foi projetado para regulagem de tiro de artilharia (Paulistinha rádio). Ajustando-se totalmente a cada tipo de uso de forma simples, o Paulistinha se popularizou ao ponto de, quando mencionado, ser automaticamente ligado à instrução, o que de certa forma perdura até hoje. Ele foi muito utilizado para todos os tipos de manobras, pois conseguia realizar parafusos e manobras mais bruscas não alcançadas pelo Aeroboero. Isso o tornou mais bem visto aos olhos dos órgãos reguladores. No entanto, o preço de sua fabricação e a velocidade com que podia ser disponibilizado em função da crise das empresas do ramo na época, o fizeram mais distante dos planos do governo e dos aeroclubes. Mesmo assim, quando disponível, era altamente valorizado, como é até hoje.
Infelizmente, o Paulistinha, como todos os modelos de aeronaves de instrução, tinha um ponto negativo: sua fragilidade estrutural, principalmente em decorrência do seu projeto simples e leve. O Paulistinha não resistia a grandes esforços estruturais em voo e no solo, levando muitos a serem inutilizados por simples choques ou catrapos. Todos sabemos como sofre uma aeronave de instrução na mão de um aluno. Inclusive a Cessna, durante a fabricação dos modelos mais simples, chegou a garantir a troca da aeronave se por acaso a estrutura do trem de pouso cedesse ou quebrasse, justamente pensando nisso. Mas até hoje, nunca vi alguém conseguir fazer essa proeza na tentativa de obter uma nova aeronave da Cessna. Já o nosso Paulistinha não tinha essa resistência toda, e esse foi e tem sido o seu calcanhar de Aquiles.
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