O Correio Aéreo Nacional

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O nosso Brasil já foi pouco assistido. Há até poucos anos atrás, ir ao norte do país era literalmente desbravar novas terras, descobrir novas culturas e, por que não dizer, descobrir um outro Brasil. Temos um país de dimensões continentais. Atravessar o Brasil não é possível em apenas poucas horas de voo. Integrar um país assim com informação, saúde e proteção é um desafio que a nossa Força Aérea assumiu no dia 12 de junho de 1931, com o primeiro voo do Correio Aéreo Nacional.

Este talvez é o artigo de maior importância sobre a aviação do Brasil que já tive a oportunidade de escrever. Essa importância se dá pelo de que, a partir desse órgão do governo federal, o desenvolvimento de milhares de famílias, centenas de cidades e até mesmo estados foram fomentados. Apesar de possuirmos hoje a segunda maior frota de aviões do mundo, há alguns anos voar no Brasil não era uma tarefa fácil – quem dirá voar em regiões antes totalmente distantes da sociedade, e condenadas à falta de cuidado e atenção que as grandes as cidades tinham. Literalmente através de guerreiros, o Correio Aéreo Nacional tomou a iniciativa de pôr fim a essas distâncias e, de acordo com suas capacidades operacionais, levar não só malotes de cartas, mas também ajuda humanitária e atenção a pessoas que conheceram o avião antes mesmo de saber o que era um automóvel.

Como foi dito antes, no dia 12 de junho de 1931, dois pilotos alçaram voo do Rio de Janeiro a bordo de um biplano Curtiss Fledgling, rumando à cidade de São Paulo com o objetivo de simplesmente transportar cartas. Nesse voo, inclusive, levaram apenas duas cartas num malote. O voo durou cerca de 5 horas, mas foi o suficiente para mostrar àqueles pilotos que essa tarefa não podia deixar de ser feita nunca mais. Na semana seguinte, a rota já contava com uma frequência de três dias por semana, até a posterior entrada em operação de aviões bimotores.

Esse vai ser nosso assunto essa semana. Como citei, talvez seja o assunto mais importante sobre o qual já falei ao Canal Piloto. A Força Aérea do Brasil ainda não havia tido a obrigação de passar ativamente por uma guerra para se desenvolver de forma plana, pois esse é um dos poucos benefícios de um conflito armado. Mas a nossa Força Aérea teve a missão igualmente importante de transpor enormes distâncias, e integrar todo o Brasil do extremo norte ao extremo sul, de modo a aceitar e lidar com todas as condições para tal tarefa. Em cada decolagem, o Correio Aéreo levou as sementes da inclusão social, do alcance humanitário e a integração nacional para todos os brasileiros.

‘’Nós tínhamos a oportunidade de levar vida, pode-se dizer assim, para aquelas populações’’ – Brig. Ar Clóvis de Athayde.

Eduardo Mateus Nobrega
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