O dia em que São Paulo foi bombardeada

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A Revolta Paulista de 1924 foi também conhecida como “Revolução Esquecida”, entre alguns outros nomes relacionados a esta data, devido ao esquecimento de tamanho movimento militar dentro da atual Capital Paulistana.

A Revolta foi comandada pelo General reformado Isidoro Dias Lopes, e contou com a participação de vários Tenentes. Com o fracasso na revolta do Forte de Copacabana, o então presidente Arthur Bernardes teve que enfrentar uma nova revolta tenentista ocorrida em São Paulo.

O termo “Revolução Esquecida” dá-se a um fato que muito me entristece. Realizada no dia 05 de Julho de 1924, este episódio histórico é totalmente “ignorado” por todos os cidadãos paulistanos. Porém, a Revolução Constitucionalista de 1932, realizada no dia 09 de Julho, conta com desfiles, monumentos e até um feriado para relembrar este dia. Mas há uma coisa que intriga: A revolta de 32 acabou sendo bem menos mortífera do que a de 24.

Mas por que eu estou falando sobre isso? Na verdade, é uma forma de lembrar e também expor que São Paulo quase teve seus mais famosos bairros destruídos por ataques aéreos.

Morei um tempo na Moóca e no Belém (bairros vizinhos), e atualmente moro próximo ainda. Esses e mais outros bairros, como Aclimação, Vila Mariana, Brás e Ipiranga – habitados por brasileiros, italianos e espanhóis, entre outros – sofreram um forte bombardeio aéreo que matou famílias inteiras e destruiu quase cerca de dois mil imóveis.

Alguns desses bairros, como a Moóca, preservam estas marcas até hoje, fazendo assim um bairro quase que inteiramente tombado como patrimônio histórico.

O bombardeio provocou a evasão de quase 300 mil pessoas, em uma população de 700 mil na época. Sendo um dos maiores massacres urbanos entre-guerras, o bombardeio a São Paulo foi provocado por aeronaves Morane Salnier e Nieuport 21E1, ambas de 80HP, soltando bombas de 60 kg, alem de artilharia de 75, 105 e 155mm.

Estes ataques em peso deixaram um registro oficial de 503 mortos e 4.846 feridos (em sua maioria civis), e tudo isso em apenas 23 dias. Infelizmente, poucas ruas possuem nomes que relembram este acontecido, e no geral, como se vê, não há nenhuma via de importância para a metrópole que lembre as vítimas de 1924.

Andrews Claudino