O Exagero do Luxo

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Nos primórdios da aviação comercial, voar em si já era um luxo, e estar num avião demandava cuidados à altura. As primeiras empresas rapidamente perceberam isso, e trouxeram a alta culinária e conforto para dentro dos aviões, já que os voos levavam horas a fio. Isso criou uma cultura de luxo relacionada ao voo, e a oportunidade de estar a bordo, durante muitos anos, se relacionou a isso. Assim foi até meados da década de 90, quando algumas empresas começaram a quebrar, como a luxuosa e respeitada Varig aqui no Brasil. Isso trouxe uma total mudança nesse conceito, surgindo assim as companhias Low Cost.

Na Europa, a ideia do luxo relacionado à aviação já não existe há muito tempo, e esse luxo exagerado, que alguns ainda consideram obrigatório dentro de uma aeronave, está hoje muito escasso. Qualquer agrado ao passageiro se torna diferencial. O exemplo de hoje da nossa série não é nenhuma mudança estrutural nos aviões ou no modo de voar, mas sim o exagero no luxo a bordo que levou muitas empresas à falência, e a aviação à monopolização em determinadas épocas.

Colocar qualquer coisa que seja a bordo de um avião demanda um custo muito alto: custo de combustível, custo operacional, e custo por usar a margem de carga paga para isso. Dessa forma, para sustentar um ambiente luxuoso, as empresas tinham que elevar muito o preço de cada passagem em cada trecho, chegando a ser uma fortuna uma simples ponte aérea, o que ajudou por muito tempo a manter o citado conceito de luxo no voo. Essa ideia de luxo gerou uma cadeia de quedas e perdas na aviação, sem falar que estimulou as companhias a manterem uma grande parcela da população longe dos aeroportos.

Hoje o desafio das empresas é tentar manter os dois conceitos convivendo juntos, ou seja, manter a política do low cost com lapsos de lembranças que remetem ao luxo perdido dos voos. As empresas buscam tirar daqui e colocar ali, equilibrar milimetricamente cada gasto para tentar sobreviver no mercado e manter um padrão aceitável para os passageiros, sempre incrementando algo e fazendo disso o seu diferencial. Aí mora hoje o marketing das empresas aéreas.

Existem, no entanto, empresas que tentam resgatar esse luxo do voo. Algumas o fazem de forma mais tímida; outras simplesmente fazem sua própria política de mercado. Como exemplo, temos a ideia do “Magic Red Carpet” da TAM, que remete à exclusividade que os passageiros tinham quando a mesma operava ainda apenas como taxi aéreo. Outro exemplo é a famosa Emirates, que não economiza na customização e qualidade do interior de suas aeronaves, chegando a ser mais luxuosa que hotéis cinco estrelas. É difícil estimar o alto custo para a empresa manter um “quarto” exclusivo dentro de um avião.

Eduardo Mateus Nobrega
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