Muito boa tarde senhores aviadores, ontem (20/10), foi o Dia Mundial do Controlador de Tráfego Aéreo, uma data não muito lembrada por muitos pilotos.
E para a nossa homenagem aos controladores, que talvez sejam a peça chave para que nosso voo se inicie e termine com total segurança no aeroporto de destino falaremos então de Francisco Drezza, primeiro controlador de tráfego aéreo do Brasil.
Drezza se formou na primeira turma de controladores pela Força Aérea, porém, ele se tornou controlador de voo por acaso, sua real vontade era ser mecânico de aeronaves. Mas um exame psicotécnico para ingressar na escola militar, o levou às torres de controle, onde exerceu sua função por 28 anos. Apesar de sua idade (88 anos), ele lembra de todas as datas de sua carreira.
Como ele cita: “Em 1944, ninguém sabia o que era esta profissão. Foi o começo. Por causa da guerra, o Brasil importou uma escola especializada em aviação. Mandaram muitos aviões para cá”, desde então, Drezza queria trabalhar na aviação, mas como mecânico; no entanto, seu exame de especialização apontou que ele seria um bom controlador.
Então Drezza concluiu seu curso em março de 1945, com a maior nota da turma de 11 pessoas. “Nosso time era muito bom e, segundo o mestre americano Robert Behall, a nossa turma foi a melhor do mundo que ele encontrou”, lembra.
Seu primeiro emprego na função surgiu com a inauguração da torre de controle de Congonhas, em 27 de maio do mesmo ano da formatura. Na época, o trabalho era feito de uma forma precária. “Era feito através da radiofonia, a gente entrava em contato com o piloto. Mas os pilotos não gostavam de obedecer, já que no começo, os pilotos estavam acostumados a fazer o que bem entendiam e não queriam controle nenhum.”
Um ano após inaugurada a torre, Drezza testemunhou um acidente com um Lockheed 18 Loadstar, que mesmo sendo um bimotor, estava em aproximação como monomotor, ao baixar o trem de pouso, o atrito fez com que a aeronave desestabilizasse e viesse a bater, matando todos os ocupantes que ali estavam.
O pequeno tráfego aéreo da época, entretanto, fazia com que houvesse poucos acidentes. O controlador lembra que, nos primeiros anos, cerca de 30 aeronaves pousavam e decolavam de Congonhas, contra mais de 600 atualmente. “Hoje é mais difícil por causa do volume”, acredita Drezza.
Mas na época, mesmo com o baixo volume de tráfego, o estresse era um problema para os controladores, que faziam um turno de seis horas. “Se você não mantiver o bom humor, você fica estressado em dois tempos. Você tem responsabilidade por vidas. Muitos colegas morreram muito mais cedo por causa disso”, afirma.
Outro problema que afeta todos os controladores de voo é o baixo salário, muitos precisam de uma profissão paralela para conseguir sustentar a família. No entanto, Drezza não se arrepende da profissão e finaliza: “A profissão é maravilhosa, não é aquele arroz com feijão de todo dia. Faria outra vez com prazer.”
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