Estimular a atividade aérea por lazer e a integração do público geral com a aviação é um grande desafio no Brasil, principalmente porque aqui podemos encontrar as maiores barreiras para limitar isso: os altos encargos sobre as aeronaves, e muros burocráticos difíceis de serem quebrados. O Brasil possui nada menos do que a segunda maior frota da aviação geral no mundo. Mesmo assim, como contraste a isso, quase não temos diversificação na própria aviação geral. As aeronaves que aqui temos estão quase que totalmente destinadas a atividades aéreas muito restritas, ou pouco populares. Normalmente, sempre são ligadas ao ramo comercial ou privativo. Está cada vez mais difícil encontrarmos clubes livres de prática do voo.
Percebendo isso e procurando justamente trazer o público para mais perto da aviação, a Federação Brasileira de Voo a Vela, juntamente com a Secretaria de Esporte e Lazer de São Paulo, lançou um projeto chamado “voa SP”, onde, em maio de 2013, concederam bolsas para pessoas que tinham a vontade de voar, e ter instrução de voo a vela em alguns aeroclubes de São Paulo. Foi uma iniciativa que realizou o sonho de muitas pessoas, e atingiu o objetivo de aproximar o voar com o prazer.
Os aeroclubes participantes do projeto forneciam, primeiramente, um contato do aluno com o voo para uma prévia experiência, e assim uma avaliação para ver se realmente o aluno poderia ter um bom aproveitamento do curso. Então, foram fornecidas as bolsas da instrução. Cerca de 68 alunos puderam pilotar uma aeronave, ou mesmo voar pela primeira vez. A escolha pelo planador ocorreu por justamente ser um instrução menos onerosa, podendo ter sido custeada por patrocinadores e incentivos públicos. O mesmo seria quase impossível de ser feito na instrução em aeronaves convencionais.
O mais interessante sobre proporcionar essa reaproximação das pessoas com a aviação geral é que isso cria vínculos, que vão perdurar por gerações. Quem não já ouviu falar que o amor por aviação “pega”? E é exatamente isso que precisamos manter acontecendo. Por mais que hoje se evidencie um certo excesso de profissionais na área, manter quem realmente ama e entende da aviação dentro dos aeroclubes é de suma importância, para não deixar que as barreiras burocráticas impeçam o contato das pessoas com o voo, nem que os aeroclubes fiquem puramente à mercê das normas da Anac.
Como a categoria de aeronaves experimentais, que disponibilizam uma possibilidade de voo mais barato, os planadores também podem oferecer às pessoas a experiência do voo com um custo menor, e isso precisa ser explorado, como foi no projeto Voa são Paulo. Acredito que mais capitais de voo a vela surgirão nos próximos anos, e o Brasil vai ter uma maior parte da aviação geral voando pelo prazer de voar.
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