O que realmente tem mudado?

O conceito de um “novo avião” não se limita mais às condições do mesmo ou ao seu tempo de uso, mas sim à tecnologia que ele vem a ofertar para seus compradores e para os passageiros. Existem dezenas de formas de se criar uma aeronave atrativa hoje para o mercado da aviação, uma vez que as melhorias a se oferecer são inumeráveis. Mas é preciso entender que essas melhorias são variáveis de acordo com o público-alvo. Uma aeronave que consuma 15% a menos de combustível, por exemplo, dificilmente vai influenciar um viajante na escolha entre a companhia A ou B. Mas para uma companhia com uma frota de 50 aeronaves, uma aeronave com consumo 15% inferior pode significar, futuramente, a sobrevivência ou não da empresa no mercado.

Esse ponto em particular, somado às novas diretrizes da ICAO, levou as maiores fabricantes de aviões comerciais a voltarem seus olhos para a economia de combustível. Os motores chegaram a um ponto onde ou ficavam mais potentes, ou ficavam mais leves. O que se viu nos novos modelos foi o foco na economia. O novo Boeing 787, por exemplo, consegue economizar cerca de 20% de combustível em comparação a qualquer outro avião do mesmo porte. Isso significa, logicamente, que ele só gasta 80% do total de combustível que gastaria um Boeing 767 numa rota Rio-Paris. E os outros 20%? Adivinhem: lucro puro.

Uma novidade que está relacionada ao consumo é a redução de peso nas fuselagens. Como os outros novo modelos, o Airbus A350 traz a novidade que muito céticos desacreditavam fortemente há alguns poucos anos. A fuselagem, quase que totalmente feita de fibra de carbono, traduz-se em uma redução muito grande no peso, sem que se perca resistência. Pelo contrário, muito se ganhou em durabilidade e confiabilidade. O único problema até então tem sido as inspeções e a identificação de problemas estruturais visualmente, uma vez que a fibra de carbono não transparece rachaduras ou fissuras.

O mais irônico nisso tudo é que, ao contrário das agências reguladoras e dos bolsos das empresas aéreas, o consumidor final, que somos nós, se agrada com pequenos detalhes e luxos disponíveis há décadas, que ainda não haviam sido adicionados aos projetos por mero custo. Então, é muito mais fácil agradar o passageiro do que uma companhia. Dessa forma, os reais avanços não são aparentes para nós. O que vemos já era possível há muito tempo.

Mais à frente na semana, veremos as novas leis ambientais, bem como o que é feito para se adequar a elas. Curiosamente, as empresas precisam pagar taxas por operarem certos modelos barulhentos em alguns aeroportos pelo mundo.

Eduardo Mateus Nobrega
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