Os dois extremos do conhecimento| Minha Proa: 071

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No trânsito você costuma encontrar motoristas exemplares, e outros nem tanto. Milhares de pés acima, esse contraste ainda se mantém. Mas por qual motivo?

O fator interesse é o que está por trás de boa parte dos casos, seja dos bons ou dos maus exemplos. A presença ou ausência do interesse é o que irá definir se alguém tende a evoluir em sua profissão/área, ou se irá se acomodar.

Uma das vantagens de se ter vários amigos na aviação é que amadurecemos não somente com nossa própria vivência, mas também através da experiência alheia, e dos “causos” com os amigos de nossos amigos.

Através dessas histórias – que servem para enaltecer o correto, ou alertar através do erro alheio – pude perceber dois extremos de pilotos no que tange a área do conhecimento: aqueles que buscam sempre continuar aprendendo, e os outros que só querem saber do mínimo necessário.

Comecemos pelo bom exemplo. Certo dia fui fazer um voo com um amigo, no qual ele estaria no comando, e eu o auxiliaria no planejamento, pelo fato de eu ter voado aquela rota antes. No dia anterior ao voo, nos reunimos para planejar o voo. Quando comecei a preencher o Plano de Voo, em diversos itens ele se mostrou com dúvidas e interessado em aprender o raciocínio por trás do preenchimento dos campos. Até então ele havia feito apenas navegações curtas, mas desejava evoluir. O voo foi realizado com sucesso.

Tempos depois, fizemos outros voos juntos. Dessa vez, ele assumiu o preenchimento do Plano, e o fez com sucesso, perguntando sobre poucos pontos. Ao final fiz questão de dizer como eu estava orgulhoso em ver o empenho e dedicação dele.

Dentre as histórias curiosas que escutei dos professores durante o meu curso teórico, está uma que se mostra o oposto desse primeiro caso. O professor a utilizou quando quis salientar a importância de conhecer as regras de tráfego aéreo, principalmente em espaços aéreos movimentados.

O piloto da história aparentemente desejava saber sempre o mínimo possível para a sua atividade.

Ele não sabia preencher Planos, por exemplo, mas invés de procurar aprender, ele preferia apenas passar Planos por telefone. Hoje sei que ele fazia isso pois, desse modo, você apenas descreve a sua rota, e o profissional da Sala AIS se encarrega de transferir isso ao formato certo, também corrigindo se houver erros nos dados.

Certa vez ele realizou um voo pelos corredores da Terminal SP (que são atualizados com o tempo), e só quando foi alertado pelo Controle, percebeu que estava voando em uma rota não mais permitida.

Para finalizar a lição, o professor citou que ele só procurou refazer o curso teórico após receber uma multa de cinco dígitos, por ter pousado em um aeroporto sem possuir hangar ou Slot obrigatório.

Certamente você também escutará diversas histórias como essas suas durante seu tempo de atividade na aviação, com exemplos a seguir, e lições a se aprender.

No final, cabe a você unir os dois exemplos, compreendendo que um bom piloto está sempre aprendendo.

Alexandre Sales
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