Durante os não muitos anos da aviação, a ordem do dia sempre foi o avanço e progresso contínuo. Isso levou muitas pessoas a arriscarem novas ideias. Não que isso seja algo ruim, mas é inegável que algumas dessas ideias atrasaram a evolução do voo, pelo menos num primeiro momento. Algumas ideias levaram o homem para rumos diferentes daqueles antes previstos pelos precursores do voo, outra ideias simplesmente o tornaram mais acessível. Mas outros poucos conceitos, esses utilizados até hoje, foram felizes em mudar o que já parecia algo perfeito.
Se eu pudesse citar apenas uma dessas ideias como a pior de todas ao meu ponto de vista particular, seria a conceituação do avião como uma arma. Alguns podem dizer: “O avião hoje é uma arma principal no combate ostensivo de uma nação”. Mas costumo dizer que não há arma que tenha sido criada para combater outra de igual capacidade, ou seja, jamais precisaríamos utilizar o avião como uma arma de defesa se primeiro este não fosse usado como uma de ataque.
Certamente nosso patrono da aviação não ficaria nada feliz em ver onde sua ideia tão brilhante chegou a ser usada. Mas, como toda má ideia, as guerras e conflitos fomentaram fortemente o desenvolvimento das aeronaves, e mostraram mais uma vez a capacidade que o homem tem de se reinventar. Quase toda tecnologia hoje existente em aeronaves comerciais descende diretamente dos caças militares e dos esforços oriundos das guerras. Isso explica muitas coisas, mas não justifica esse infeliz uso do voo.
Atualmente a aviação está em constante evolução. Todos os dias, estamos inventado novos conceitos de aeronaves que parecem simplesmente inúteis, mas que com o tempo, acabam sendo absorvidos pela indústria. As boas e más ideias não se limitam ao conceito estrutural dos aviões, mas também à aplicabilidade e prática do voo. Isso justifica as constantes mudanças e alterações dessas mesmas mudanças, nos RBACs homologados pela ANAC.
A lição que temos disso tudo é justamente não ignorar nenhuma ideia nova, mesmo ela sendo muito estranha, mas também não perder tempo que poderia ser investido em outra coisa, focando-se em apenas uma, ainda mais quando falamos de aviação. É preciso lembrar-se sempre da frase por duas vezes aqui citada, para que isso não aconteça: “Tudo que você pensar em fazer na aviação, antes pare e pesquise: alguém já tentou fazer”.
Durante a semana vimos que toda má ideia, por mais que atrase a evolução e pareça inútil em um primeiro momento, foi posteriormente agregada a novos conceitos e utilizada para outros fins. Como disse anteriormente, ideias são reutilizáveis, mas o único problema é quando nos fechamos para as novas, por mais estranhas que estas pareçam.
- Voamos o mesmo voo de Dumont - 22/08/2014
- Wing Fences e Spoilers - 21/08/2014
- O Canard - 20/08/2014