Por onde devemos partir?

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Para dizermos que um dado combustível é mais ou menos eficiente, é claro que precisamos levar em conta em que atividade específica ele será empregado. Isso porque temos diferentes exigências para diferentes tipos de atividades aéreas. Não é possível dizer que o Jet A1 é superior em rendimento frente ao AVgas, por muitos fatores que envolvem temperatura de queima, octanagem e o próprio peso do combustível – isso mesmo, até o peso é julgado quando classifica-se o combustível que uma aeronave utilizará.

Então, da mesma forma que se busca um combustível alternativo, têm-se a obrigação também de cumprir com esses requisitos, quem vêm sendo trabalhados nos combustíveis atuais durante dezenas de anos. Isso quer dizer que, para que possa haver uma substituição verdadeira e integral do AVgas por exemplo, é preciso criar e provar se é operacional um combustível alternativo, e se este é realmente muito melhor e cumpridor dos requisitos necessários para certas tarefas.

Antes mesmo de imaginarmos uma nova fonte energética para aviação, precisamos encontrar uma forma de resolver problemas básicos que os atuais motores têm. Os motores convencionais hoje têm uma taxa de 25% de aproveitamento da energia calorífica da gasolina, ou mesmo do querosene. O restante é dissipado e desperdiçado em forma de calor. Se não resolvermos esses pequenos problemas funcionais, ainda não será possível criar o conceito definitivo para o substituto do combustível de aviação atual.

Recentemente, uma empresa alemã publicou um vídeo de um protótipo de motor, onde ele elimina o conceito de cilindros separados e inclui a ideia de movimento de translação dos pistões. Apesar de uma sistemática bem mais complexa, isso se traduziu num rendimento 30% maior de potência e aproveitamento do combustível, uma vez que a queima é inteiramente realizada de forma rápida e sem intervalos no cilindro. O vídeo também sugere que um motor desses, com 5 cilindros, teria mais potência que um motor convencional com 6 cilindros em V.

Com um motor assim, fica muito mais vantajoso e seguro investir em uma possível substituição do AVgas ou outro tipo de gasolina, pois estaríamos ganhando pelos dois lados. É como faz por exemplo a Apple, que não só lança um aparelho mais moderno e eficiente, mas também um sistema operacional mais atualizado e rápido, que somente pode ser utilizado em versões equivalentes ou próximas ao novo aparelho.

Percebemos então que um avanço na questão energética da aviação é uma mudança a médio prazo, e precisa partir também da indústria aeronáutica e dos próprios utilizadores do sistema da aviação civil. Assim, em cerca de 5 anos, poderemos ter aeroportos no Brasil – em alguns países isso já existe – oferecendo o abastecimento de Diesel ou Alcool.

Eduardo Mateus Nobrega
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