Por que os aviões caem?

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Esta parece ser uma pergunta retórica. Uma pergunta que, se feita em uma roda de pilotos num aeroclube, significa papo para mais de uma tarde. Muito embora alguns poucos acidentes sejam sucessivos ou localizados, eles acontecem sim. Como então dar um motivo ou causa para os aviões continuarem caindo, mesmo sendo o transporte mais seguro do mundo? Existe uma frase que diz: “O maior risco de voar está no caminho que você faz de casa para o aeroporto”.

Este tema de série me veio à cabeça após o questionamento de uma amiga, referindo-se à onda de acidentes que vem ocorrendo nos últimos 30 dias. Ela me perguntou como pode existir a ideia de segurança superior na aviação, mesmo com frequentes notícias sobre desaparecimentos e quedas de aeronaves, e indagou sobre o por que de tantos acidentes. Nós, conhecedores ou mais interessados no meio aeronáutico, sabemos que cada acidente nunca provém de uma só falha, mas de uma série de fatores muitas vezes não ligados, e que cada ocorrência tem um real motivo.

O tema desta semana será mais direcionado para aqueles que, como minha amiga, não entendem o motivo de a aviação ser tão segura e, mesmo assim, marcada por acidentes graves e quase todos fatais. Por que costumamos dizer que “a bruxa está solta”, ou mesmo, manter crendices tolas se trabalhamos todos os dias para construir uma política de segurança? O tema não se limita somente àqueles que esse fato questionam, mas também se dirige a nós, pilotos, que precisamos representar a aviação fora do cockpit.

Colocando-me como um passageiro comum em busca de um voo na Malásia, eu sinceramente pensaria duas vezes antes de adquirir uma passagem da Malaysia Airlines, tendo em vista os dois acidentes ocorridos com essa empresa quase que seguidamente. Claro, isso sendo apenas um passageiro leigo e julgando a situação por um ponto de vista lógico. Mas a partir do momento em que obtenho o mínimo de conhecimento sobre as reais causas dos acidentes, e descubro mais sobre a política de segurança de uma empresa aérea, jamais pensarei da mesma forma.

Esse é justamente nosso objetivo durante a semana: desmistificar algumas falácias que insistem em existir sobre a aviação, mostrar o que são os acidentes de uma maneira geral, e deixar claro que, embora eles sejam continuamente noticiados, nenhum acidente pode ser considerado igual ao outro. No CBA (Código Brasileiro de Aeronáutica), consta que o piloto é responsável pela sua aeronave, desde a apresentação até o desembarque total e a transferência do comando para outro piloto. Estendamos essa responsabilidade para além das normas, no intuito de não mascarar ou fazer pano preto sobre o que ocorre de fato num voo, mas pelo contrário, tornar a aviação cada vez mais clara e seus detalhes comuns a todos.

Eduardo Mateus Nobrega
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