Hoje na aviação executiva leve – onde os bimotores mais têm ganhado espaço – vê-se uma maior exigência da agilidade do voo, e do maior conforto ao passageiro. Para algumas pessoas, isso se traduz em que o piloto deva evitar manobras bruscas, nuvens pesadas, turbulência ou ser sempre cuidadoso. No entanto, quando um empresário adquire uma aeronave, ele muito pouco pensa nas habilidades do piloto, mas sim nas vantagens que aquele avião irá oferecer a ele. No fim das contas, para o passageiro daquele avião, um voo bom será aquele em que o piloto conseguir exigir o máximo de facilidade e conforto que aquela aeronave pode oferecer. É aí que entram as qualidades e vantagens operacionais de se voar um avião bimotor, ao invés de um monomotor.
Um multimotor, tirando o fato de passar o mistificado maior nível de segurança, oferece para quem voa uma maior performance ante o clima e o comportamento em voo. Os bimotores conseguem alcançar um desempenho bem mais atrativo, por possuírem grande potência de sobra durante o voo. Podem, assim, utilizá-la para atingirem maiores velocidades e níveis de voos mais altos, reduzindo o consumo específico do percurso. Tudo isso agrada muito quem está a bordo, e pode fazer a diferença quando o mais precioso é o tempo e o conforto.
Outro ponto muito favorável para a escolha de voar um bimotor são as margens maiores de operação. Ele aguenta, digamos assim, “sofrer mais” do que um monomotor. Quando em uma decolagem, é do nosso conhecimento que existe uma dada velocidade chamada de V1, onde decide-se por decolar ou não. Essa decisão leva em consideração não apenas dados da pista e do aeródromo, como também a performance da aeronave em questão. Numa aeronave monomotora, se ocorrer uma falha após a V1, a opção lógica é o NO GO (não prosseguir), onde foi calculado que seria possível a parada da aeronave. Mas um dado importante revela que, em cerca de 75% dos casos, mesmo depois da V1, a opção pelo GO (prosseguir) ocasionou uma maior chance de evitar um acidente. Mas aí nos vem a pergunta: como optar pelo GO em uma aeronave monomotora, após a V1?
Nesse caso, seria impossível optar pelo GO e esperar chance de sobrevida. A alternativa seria, então, forçar uma parada brusca, mesmo que ultrapasse os limites físicos da pista e danifique a aeronave. Já em um avião bimotor, a escolha pelo GO é possível e a mais aconselhável, onde seria muito maior a chance de preservação da aeronave e das vidas a bordo.
As maiores margens de operação, o conforto, a garantia de um voo rápido e eficiente transcendem os preços, e convencem quem busca uma melhor opção de aeronave executiva. Muito poucos modelos monomotores perduraram no mercado até hoje. Eles também trazem suas vantagens e seus fatores positivos, mas isso veremos no decorrer dos próximos artigos.
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