Prático de Piloto Privado 05: Mudanças de Atitude

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Olá amigos do Canal Piloto.

O Curso de PPA consiste em três fases segundo a norma MCA 58-3:

* Fase I – Pré-Solo (PS) – 20 horas
* Fase II – Aperfeiçoamento (AP) – 10 horas
* Fase III – Navegações – 10 horas

Cada PS corresponde a uma manobra específica.

Passei a semana estudando o manual para no dia eu estar tranquilo e confiante. Chegou o dia do voo, nesse dia mamãe resolveu acordar cedo e preparar o café da manhã e algo para eu levar, fiquei feliz até saber que ela tinha arrumado minha mala.

Tomei o café da manhã, peguei o manual, óculos escuros, protetor auricular (faz muito barulho dentro do avião e se quiser ser aprovado no CMA de PC, é preciso usar para não ficar surdo após o PP), quando fui colocar na mochila vem o susto: MAIEEEE O QUE É ISSO ???

– Ah filho, eu preparei as coisas pra você, sabe mamãe te ama.

-Tá, mas o que é isso?

– A blusa é para caso faça frio, essas duas garrafas de água é para se hidratar no caminho e no voo, coloquei esses lanches para você comer no ônibus e depois do voo, sabe como é a comida nas estradas (como se uma viagem de 1h fosse fazer paradas), coloquei pêras porque comer fruta faz bem, esse remédio é pra dor de barriga, esse outro pra dor de cabeça e mais esse caso esteja com vontade de vomitar.

Independente da idade mãe é tudo igual, ela me apresenta pras amigas dela, “olha meu bebê”, quando elas vão ver: Negão de 1,90m.

Parecia bolsa de escoteiro, eu ia voar, não pra guerra.

Tirei tudo que achei desnecessário, por incrível que pareça só ficou o manual e o protetor, a bolsa deixou de pesar uns 4kg para apenas 300gr, o amor é assim mesmo.

Saí de casa, fui pra rodoviária, peguei o ônibus, o motorista deixou o ar-condicionado na temperatura polar, nessa hora senti falta da blusa de frio, mas quando desci do ônibus em Bragança senti aquele mormaço na hora, Sol de 30º C, caminhei até o aeroclube, me apresentei para voo e fiquei no aguardo.

Cumprimentei meu instrutor, e fomos para a sala de Briefing, sentamos e começamos a conversar sobre a manobra que iriamos efetuar. No meu caso, era a PS03 – Mudanças de Atitude.

Resumidamente para todos entenderem, consiste em subir, descer, voar reto horizontal e voo planado.

* Aeronave é um Paulistinha, 90HP.
* Voo Ascendente – 65mph e 2200RPM
* Reto Horizontal – 80mph e 2100RPM
* Voo Descendente – 80mph e 1800RPM
* Voo Planado – 65mph e 1000RPM

Temos uma miniatura de Paulistinha feito de madeira com a qual ele me mostrou como seriam as manobras dentro da sala.

Saímos da sala de briefing, peguei os documentos da aeronave e fui inspecioná-la. Fizemos todo o checklist e nos dirigimos ao DAESP para passar na notificação de voo.

Após preenchido a notificação, o amigo da Rádio SBBP logo avisa: Hey garoto, vou falar algo pra você e pro seu instrutor, porque está acontecendo muito e eu não quero que aconteça.

Pelo tom de voz, fiquei imaginando o que eu devo ter feito de errado para já me corrigir e não fazer mais. Então perguntei meio assustado:

– O que é?

– Olha pro lado, você não repara em nada?

– Nada de anormal

– Tá faltando mulher aqui !!!!!

Concordo plenamente, além de profissionais, somos homens.

Agradecemos e voltamos à aeronave, entrei , passei o cinto e pensei “aqui estou novamente”

O instrutor então diz:

– Freado, cabrado e livre ?

Freei a aeronave, cabrei o manche e verifiquei se os magnetos estavam desligados e respondi:

– Freado, cabrado e livre.

O instrutor: – Atenção, contato!.

Nesse momento liga-se os magnetos e se responde:

-Contato!

O instrutor vai e gira a hélice. O motor funciona, se reduz toda potência e checa-se pressão, não havendo indicação em 20 segundos, cortamos nos magnetos; havendo indicação elevamos o motor a 1000RPM.

Pressão ok, motor a 1000Rpm, o instrutor tirou os calços das rodas e entrou na aeronave, informamos a movimentação na frequência e taxiamos até a cabeceira.

Fizemos o Cheque de Cabeceira, alinhamos.

A decolagem ainda não é comigo, o INVA diz: “Tá comigo”, você solta todos os comandos e ele decola, após a decolagem ele diz: “Tá Contigo”, aí eu retomo os comandos. Fizemos o cheque de 500’ e aí vem o primeiro empecilho, como o Sales diz: os EVIL’s , fiz uma curva para direita para me livrar das aves, mas pior que o bichos são kamikazes mesmo, o INVA então se assusta com uma manobra repentina de um aspirante e pergunta: “O que foi isso?” – respondi: “URUBU” – aí ele grita, “Boa comando, isso aí, to gostando de ver, agilidade”

Passado susto, aproamos SBR 459 Represa de Bragança, área extremamente linda, mas a concentração é tanta que eu não consegui observar nada, apenas a manobra.

E começamos, o INVA diz: Sobe para 4500’

Como o curso de PP é totalmente visual, sempre estamos usando referencias. Na manobra Voo Ascendente, elevei a potência para 2200rpm, 65mph e ajustei o nariz da aeronave na linha do horizonte e compensamos o avião.

Por isso voo por Atitude, coloca-se o nariz na linha do horizonte, motor a 2200 e espera que a velocidade chega por si só, até pegar os macetes eu fiquei muito tempo caçando a velocidade, com isso variava a atitude, as vezes subia, as vezes descia, mas é tranquilo. Põe na linha do horizonte, motor 2200 e espera.

Subimos então para 4500’, tínhamos que estabilizar, passar do Ascendente para o Reto Horizontal. Coloquei o bico do avião 4 dedos abaixo da linha do horizonte (atitude de Voo Reto Horizontal), a velocidade sobe sozinha para 80mph e nessa hora reduz a potência para 2100rpm e compensa.

Então ele diz desce para 4000’, do reto horizontal para o descendente é bem simples, só reduzir a potência de 2100rpm para 1800rpm e manter as 80mph e compensar (Atitude: Nariz um pouco abaixo do Reto Horizontal).

Descemos para 4000’ e então iniciamos o Voo Planado: Abrimos o Ar-Quente para evitar formação de gelo no carburador, reduzimos o motor para 1000rpm, velocidade de 65mph e compensamos, Voo Planado é tecnicamente a atitude que consegue planar por maior tempo, caso dê pane é também essa a que nós usamos para o pouso.

Após isso, começamos o voo ascendente novamente, sempre compensado.

O Compensador serve para diminuir o esforço do comando sobre a aeronave, não é igual ao piloto automático, mas ajuda a não cansar tanto, pois se compensado de forma correta, você pode tirar a mão do manche que a aeronave continua na atitude. E assim foi sucessivamente durante toda a hora de voo, até consegui pegar proficiência na manobra.
O instrutor pediu para eu voltar para o aeroclube, aproei uns prédios coloridos, que só existem em Bragança, que por sinal é a entrada do circuito de trafego e uma ótima referência, se um dia repintarem, já era. Viemos a 4500’, descemos para 3900’ foi minha última mudança de atitude até ele dizer: Tá Comigo.

Nessa hora você livra os comandos, pés longe dos pedais e aproveita o pouso. Eu segurei os comandos com tanta força durante o voo que na hora de livrar os comandos, a mão estava dura, não conseguia abrir. Depois que livrei os comandos viemos pra pouso.

Pouso tranquilo, livramos a pista e INVA disse: Tá Contigo, peguei os comandos novamente e taxiei até o pátio:

* Aeronave freada, motor a 1000rpm, mistura rica e corta-se os magnetos.

Nesse momento a hélice para de girar e vem o alivio, terminei mais uma hora. Fiz todo o cheque de abandono, encapei o tubo de pitot, peguei os documentos e fomos fazer o Debriefing.

No Debriefing, ele marcou mais uma hora no Diário de Bordo, logo fui devolver para que a aeronave possa voar novamente e voltei à sala, ele começou a preencher a ficha onde haviam as manobras e foi dando as notas. Nas manobras previstas da PS03, tirei nota 3, que é satisfatória para ser aprovado.

O cumprimentei, agradeci o voo, paguei a hora e voltei pra casa. Agora era só agendar a próxima hora de voo PS04 – Curvas de Pequena e Média Inclinação.

Desculpe-me por alguns termos técnicos, que não tem como fugir muito.

Rafael Torquato.

Alexandre Sales
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