Prático de Piloto Privado 10

posted in: Rafael Torquato, Textos | 11

Olá amigos do Canal Piloto.

Após ter passado mal no voo de coordenação de 1º tipo, voltei ao aeroclube para aprender a manobra. Meu último voo de coordenação foi em oito de janeiro, após esse período fui viajar pelo nordeste do país, fiquei um mês em turismo, dentre eles consegui um Jump em um voo da Avianca. 

Após 39 dias estaria voando novamente em manobra de coordenação. Quando ficamos muito tempo sem voar, perde-se muito “pé e mão”, mas acordei cedo, e dessa vez resolvi me alimentar de maneira correta, tomei um suco de laranja, bebia água com frequência para hidratar e fiz um lanche bem tranquilo.

Fui para o aeroclube, o voo estava agendado para 15h45min, cheguei na hora do almoço e dessa vez não era feijoada, fiz um almoço a base de salada e me mantive hidratado até o voo. Fomos para o briefing, conversamos um pouco sobre a manobra. Era um instrutor que até então eu nunca tinha voado.

Coordenação de 1º Tipo – Inclina-se a asa para ambos os lados dando pedal coordenadamente e não deixando a aeronave entrar em curva.

Coordenação de 2º Tipo – É feita uma curva de 45º para um lado e em seguida uma de 90º para o lado oposto, e assim sucessivamente. 

Saímos do briefing com a temperatura menos quente. Realizei o checklist e fui ao DAESP passar uma notificação e voltei para acionar a aeronave. 

Acionamos a aeronave e iniciamos o taxi. Nesse momento o INVA começou a me criticar, e foi me criticando durante o taxi inteiro até fazer o taxi da forma que ele queria. No Paulistinha fazemos o taxi em “S” para poder enxergar a frente, já que é uma aeronave convencional, e durante o taxi ele me perguntava: “você esta enxergando? Então abre mais a curva”.

Eu não achava muito necessário, mas após abrir mais a curva reparei que ele estava correto, que a visão melhorava muito. Chegamos ao ponto de espera e realizei o check de cabeceira, o instrutor me cobrou todos os checks, respondi de maneira correta. Ele então me pergunta: “já decolou antes?” Respondi que sim, então ele disse que eu iria decolar e ele me auxiliaria nos pedais. Comecei a ingressar na pista, ele me orientou a usar o máximo possível da pista, fui até onde dava e alinhei com o eixo da pista.

Avancei gradativamente a potência e ganhamos velocidade. Rodei com 60mph e subi a 65mph, me direcionando a área 459. Em cima da represa ele me deu permissão para começar a fazer a coordenação de 1º tipo. Aproei a cidade de Joanópolis e comecei; abaixava uma asa, dava pedal e entrava em curva, abaixa a outra não dava pedal o suficiente, até que o Instrutor diz: “para tudo… É assim que se faz”.

Eu tentei fazer da mesma forma que ele, durante o período de tempo, mas mesmo assim continuava com dificuldade de fazer a manobra. Ele então me fez diversas criticas profissionais e falou vamos fazer a manobra de 2º Tipo. Peguei uma referencia e foi bem tranquilo, a referencia utilizada foi uma cidade que não sei o nome entre dois morros altos, e cada morro era 45º com a referencia. Então aproei com a cidade e fazia curvas de média inclinação até aproar com os morros, em seguida iniciava a curva para o outro lado para aproar com o outro morro.

Outro detalhe que pode ser usado é a Bússola, aproar, por exemplo: 300º e varia 45º para cada lado, e se faz uma coordenação de 2º tipo. Voltamos então para a coordenação de 1º tipo, e novamente apresentei dificuldade na execução da manobra e fiquei o restante do horário tentando fazer a manobra, e a cada erro o instrutor me criticava. Eu já não conseguia realizar a manobra, e o instrutor continuava a me criticar, com isso eu ficava mais tenso, e por consequência errava mais e ouvia mais críticas, virou uma bola de neve.

Todo momento durante a manobra ouvia: “variando a altitude, compensa direito, olha a velocidade”. Aquele voo realmente foi o mais estressante até agora.

 Pousamos e no táxi, eu com receio de ouvir mais críticas, fiz o melhor possível para tentar fazer o táxi igual aos momentos antes da decolagem, infelizmente por melhor que tenha sido o taxi, não me faltou criticas. Cortamos o motor e fomos para o debriefing, saí da aeronave, estressado com tudo, decepcionado comigo e já imaginando o que eu ouviria do instrutor.

Sentei de frente com ele na mesa e ele começou as anotações, na nota eu tirei 2 (reprovado) e me mostrou onde errei, mostrou também uma serie de detalhes, me criticou pesado, me deu a nota e falou bons voos (Bons voos, por mais que pareça, não foi irônico).

Agradeci, paguei minha hora de voo e ele me fez voltar pra casa muito pensativo. Caminhava pela estrada de terra pensando na vida, nos meus erros no voo. Entrei naquele ônibus imaginado o voo, o que devia ter feito de diferente. Cheguei em casa e fui estudar o manual, assisti vídeos mostrando a manobra de coordenação de 1º tipo, conversei com os amigos que já foram aprovados na matéria e agendei minha próxima hora de voo.

Minha duvida era, por que alguém que tem o intuito de ensinar, logo nos primeiros erros já te faz críticas pesadas?

Isso eu conto semana que vem, mas algo que posso adiantar, esse instrutor é o que eu mais respeito e o que mudou muito minha vida.

R. Torquato

Alexandre Sales
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