Prático de Piloto Privado 27

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Saudações Comandos.

Com alteração do voo para às 15h45, cheguei ao aeroclube após o horário do almoço e me apresentei. É o último horário de operação, atmosfera naqueles dias de “mais ou menos”, uma leve olhada na biruta que estava marcando 10kt. Fui à secretaria para saber qual aeronave e instrutor eu iria pegar.

Fiquei contente em saber que era a mesma instrutora do voo anterior, ninguém melhor do que a pessoa que me reprovou para saber se estou apto para ser aprovado. Eu a cumprimentei e fomos ao briefing, com a conversa clichê:

*Decolar e fazer o cheque de 500’ AGL;
*Manter o circuito fazendo curvas de pequena inclinação e subindo até 1000’ AGL;
*No último terço da pista, abrir o ar quente e no través da cabeceira iniciar o voo planado (1000 RPM, 65 MPH). Compensar a aeronave, rodar base e final;
*Cruzando a cabeceira, devemos quebrar o planeio e arredondar a aeronave suavemente até estolar e tocar de três pontos.

Levantamos alguns erros do ultimo voo, para já fazermos as correções devidas. Saímos do briefing, enquanto ela buscava seu rádio eu fui inspecionar a aeronave e logo em seguida fomos notificar.Vi que havia movimento no DAESP, e tráfego no DAESP é sinal de tráfego no circuito. Voltamos ao pátio, me amarrei, acionamos e iniciamos o taxi.

Decolamos da cabeceira 16, a corrida e a correção de vento em solo estava perfeita. Desfiz a correção e rodei a aeronave. Ingressei na través, em seguida na perna do vento. O vento nos empurrava para cima da pista, eu estava fazendo a correção errada dando asa e a instrutora me informou, não precisa asa, apenas pedal para o lado do vento e mantém, já é o suficiente. Desfiz a asa e mantive somente o pedal, que realmente foi o suficiente.

No último terço da pista abri o ar quente, e no través da cabeceira iniciei o planado. A aeronave estava afundando bastante, rodei base mas senti que estava muito baixo. Antes que a instrutora comentasse algo, eu aumentei a potência, para não afundar tanto e manter a rampa. Rodei final e aeronave flutuou, tirei todo motor mas ela não estava descendo como queria. Pensei em glissar para tocar no ponto certo, mas meu voo estava ruim, eu tinha vento e atmosfera desfavorável, aeronave afundando na perna do vento e flutuando na final, já havia muita coisa para me preocupar e corrigir, glissar seria apenas mais uma situação que teria que fazer simultaneamente.

Abandonei a ideia de glissar, resolvi fazer o simples e tocar uns 50m~100m à diante, o pouso foi bom mediante a situação, mas a instrutora teve que atuar junto nos comandos. Controlei a aeronave em solo, completei o motor, levei o manche a frente e arremeti.

Sabia que a aeronave afundaria na perna do vento e flutuaria na final, então quando ingressei na perna do vento já fiquei imaginando o que faria quando iniciasse o planado. Quando cheguei no través da cabeceira, dei uma leve alongada com motor e tirava motor quase rodando base. Tinha uma ascendente bem na curta final (quando se entra em uma, sente-se uma pancada com certa intensidade para cima). Chegando na rampa o vento me empurrando para fora da pista, correção mal feita, cruzei a cabeceira fora da center line, toquei o solo com uma roda do trem dianteiro e a bequilha. O Paulistinha é mais estável que um avião de asa baixa nesse momento, porque o efeito fuselagem e efeito quilha fazem abaixar a outra asa, fazendo o mesmo tocar os três pontos.

Após controlar a aeronave, completei o motor e arremeti, fiz um novo circuito e novamente estava na final para mais um toque. Quando estava trazendo a aeronave para o toque, o vento continuava me jogando para fora, dei asa para o lado do vento e pedal contrário para corrigir o mesmo, mas realmente sentia dificuldades para corrigi-lo apesar de parecer algo tão simples. Coloquei um pouco de motor na final, pois Bragança é em cima de um morro (lembra Congonhas), numa aproximação baixa dá a impressão que vai colidir com o morro. Cruzei a cabeceira, tirei todo motor e fui arredondando, deu trabalho na final, a instrutora me auxiliou nos comandos para colocar a aeronave no chão.

Resolvi não arremeter, e voltar ao pátio. Estava fazendo o melhor que podia, mas não estava sendo proveitoso para mim. Livrando a pista, pedi desculpas pelo voo e ouvi a resposta: “relaxa, acontece mesmo, você está aprendendo. Normalmente esse horário é bom, mas hoje foi atípico”. Cortamos o motor e fomos ao debrifieng, onde tivemos uma conversa madura e esclarecedora.

A coluna serve para contar não só a hora de voo, mas também um pouco dos bastidores.

Sai do debriefing pensativo, estava há onze voos na mesma manobra e cheguei ao momento que não tinha melhorias, minha agenda particular só me permitia voar naqueles horários que eram péssimos para minha formação, fazendo assim um gasto maior de capital. Então fui à secretaria e perguntei se na segunda-feira tinha algum horário livre, havia o primeiro horário: 08h. Agendei para esse horário e no resto do planeta eu dava um jeito. A prioridade era ser aprovado em TGL.

Torquato.

Alexandre Sales
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